O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, afirmou, nesta segunda-feira (23/1), que será necessário efetuar algumas “costuras internas” após a troca do comando do Exército. O titular da pasta se reuniu esta manhã com o novo comandante da Força, general Tomás Ribeiro Miguel Paiva. O general Júlio César de Arruda foi exonerado do cargo pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no último sábado (21).

“Foi ótimo, uma conversa demorada. Ele está animado. Ele vai se reunir com os comandados”, afirmou Múcio à imprensa após o café da manhã com o novo comandante. “Ele prometeu servir ao país no comando do Exército. Está entusiasmado. Evidentemente que existem algumas costuras internas para fazer, a coisa foi muito rápida, mas nós tínhamos que fazer o que foi feito”, completou.

O encontro com o novo comandante ocorreu na véspera da reunião de Tomás com o alto comando da Força, agendada para esta terça-feira (24). Múcio disse também que é difícil “trabalhar sob suspeita”, em referência à relação com o general Arruda.

“Houve quebra de confiança na relação. Muito difícil trabalhar assim, quando as pessoas ficam sob suspeita, se vai ou não tomar providência”, explicou Múcio.

Questionado, Múcio negou ter passado qualquer tipo de orientação específica ao novo comandante. “Não. Ele sabe melhor que eu. Quem sou eu para ensinar a ele como lidar com a tropa? Ele tem liderança […] e as coisas estão tranquilas.”

O ministro da Defesa também comentou sobre o andamento das investigações ligadas aos atos golpistas de 8 de janeiro, e defendeu que a apuração das forças de segurança seja “despolitizada”.

“Tem que se apurar primeiro. Quem for culpado, vai pagar. Quem não for, evidentemente que não. Tem que despolitizar as coisas: quem patrocinou os atos, quem quebrou, quem teve intenção de vandalismo, de golpe, tudo isso”, afirmou.

Exoneração no Exército

A demissão do antigo chefe da Força ocorreu um dia após a reportagem do colunista Rodrigo Rangel, do Metrópoles, revelar que o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), tenente-coronel Mauro Cid, operou uma espécie de caixa 2 com recursos em espécie que eram usados, inclusive, para pagar contas pessoais da primeira-dama Michelle Bolsonaro e de familiares dela.

Segundo ministros palacianos, a gota d’água para a demissão teria sido a recusa de Arruda em exonerar Mauro Cid do 1º Batalhão de Ações e Comandos, o 1º BAC, uma das unidades do Comando de Operações Especiais, com sede em Goiânia.

O batalhão reúne as mais bem treinadas tropas de elite do Exército e seus homens têm por atribuição realizar operações de emergência para debelar ameaças a Brasília e, em eventuais situações de guerra, cumprir missões delicadas contra alvos tidos como difíceis.

Nesse domingo (22), Múcio afirmou que tentou convencer o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a não exonerar o então comandante do Exército Júlio César de Arruda, mas “não tinha mais clima”, em meio a uma crise de confiança do chefe do Executivo com as Forças Armadas.

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