O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso, demonstrou impaciência com pessoas que colocam em dúvida a segurança do sistema de votação no Brasil. Em entrevista coletiva, logo após a totalização dos votos do segundo turno, o ministro disse que explicaria somente para as pessoas que querem entender o funcionamento das urnas.

“Vou explicar mais uma vez para as pessoas que não tenham entendido. Às que não querem entender, eu digo que não há remédio na farmacologia jurídica para o problema”, disse o ministro. “As urnas não ficam em rede e, portanto não podem ser fraudadas.”

Barroso comentou as insinuações feitas pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre suspeitas de fraude na votação eletrônica. “Se o presidente da República tiver alguma comprovação de fraude, de 1996 até hoje, eu imediatamente irei apurar. Mas eu sou juiz. Eu lido com fatos e provas, e, portanto, não posso me impressionar com a retórica política, que faz parte de um jogo que não me cabe jogar”, disse.

“Não há como fraudar nem antes nem depois da emissão do boletim”, disse o ministro.

Ele ainda descartou a possibilidade legal de se ter o voto impresso no Brasil hoje. “Eu penso que o voto impresso traria grande tumulto para o processo eleitoral brasileiro, porque todo candidato derrotado ia pedir recontagem; ia haver impugnações; alegações de nulidade; judicialização do processo eleitoral e, portanto, considero que, aqui é uma opinião pessoal – porque o Supremo Tribunal Federal já votou pela inconstitucionalidade –, mas penso que traria um grande tumulto para o processo eleitoral. É mais ou menos como você mexer em um time que está ganhando”, disse o ministro.

O recado de Barroso tem como destino o presidente da República, Jair Bolsonaro. Neste domingo, após votar em uma escola municipal da Vila Militar, zona oeste do Rio, o presidente fez um discurso defendendo o voto impresso e voltou a questionar a segurança das urnas eletrônicas, sem apresentar provas.

“A questão do voto impresso é uma necessidade, está na boca do povo, e as reclamações são demais. Não adianta alguém bater no peito e falar que é seguro. Nós pretendemos, a partir do ano que vem, partir pra isso”, disse o presidente.

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