Hugo Barreto/Metrópoles

Mais de 44 horas após o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) confirmar o resultado das eleições 2022, o presidente Jair Bolsonaro (PL) rompeu o silêncio nesta terça-feira (1°/11). O chefe do poder executivo não contestou a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas urnas no último domingo (30/10), mas falou que movimentos populares são fruto de um sentimento de injustiça. O petista obteve 50,90% dos votos válidos (60.345.999), enquanto Bolsonaro conquistou 49,10% (58.206.354).

Em coletiva de imprensa realizada no Palácio da Alvorada, na tarde desta terça-feira (1º/11), Bolsonaro fez um rápido discurso agradecendo os votos que recebeu e sobre as manifestações comentou: “Manifestações pacíficas são bem-vindas, mas não podemos repetir método da esquerda”.

Bolsonaro recebeu vários aliados ao longo do dia na residência oficial, entre eles um de seus filhos, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), e os comandantes das três Forças Armadas. Em seguida, ministros de Estado foram convocados para estar ao lado do presidente não reeleito no pronunciamento

Estavam presentes os seguintes ministros:

  1. Anderson Torres (Justiça)
  2. Paulo Alvim (Ciência e Tecnologia)
  3. Victor Godoy (Educação)
  4. Joaquim Leite (Meio Ambiente)
  5. Daniel Ferreira (Desenvolvimento Regional)
  6. Ronaldo Bento (Cidadania)
  7. Cristiane Brito (Mulher, Família e Direitos Humanos)
  8. José Carlos Oliveira (Trabalho)
  9. Carlos França (Relações Exteriores)
  10. Ciro Nogueira (Casa Civil)
  11. Marcos Montes (Agricultura)
  12. Marcelo Queiroga (Saúde)
  13. Marcelo Sampaio (Infraestrutura)
  14. Paulo Guedes (Economia)

Coordenador da campanha do pai, Flávio reconheceu, na segunda-feira (31/10), a vitória de Lula, agradeceu os votos recebidos pelo pai e pediu aos apoiadores que “ergam a cabeça”. Foi a primeira manifestação de um integrante da família Bolsonaro após o resultado das urnas.

Silêncio sobre 2º turno

Desde o momento da vitória do petista, às 19h57 da noite de domingo, Bolsonaro não havia se pronunciado. O atual chefe do Executivo federal apenas admitiu a derrota ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Alexandre de Moraes.

Ao proclamar o resultado das eleições para presidente da República, Moraes relatou ter ligado para os candidatos que concorreram ao pleito.

O presidente não possui compromissos oficiais para esta terça-feira.

Apoiadores de Bolsonaro

Apoiadores de Jair Bolsonaro foram do entusiasmo ao choro na Esplanada dos Ministérios na noite de domingo. Em ato para acompanhar a apuração, os manifestantes viram Luiz Inácio Lula da Silva voltar à Presidência, e muitos afirmaram que o pleito foi fraudado.

O movimento teve início mais cedo e começou a ganhar corpo por volta das 18h desse domingo, quando o petista passou Bolsonaro na parcial dos resultados. Nesse instante, o clima foi de desânimo.

Em seguida, apoiadores deram início a uma onda de orações. Às 19h40, com 98% das urnas apuradas, houve revolta. “Não pensem que vamos aceitar uma eleição fraudulenta às custas de fake news e interferência do Judiciário”, disse uma mulher no trio.

Quem rezava em cima do carro de som também pediu oração para que “Deus entre com intervenção no TSE”. Em meio ao público, blogueiros fizeram lives com ataques ao Tribunal Superior Eleitoral e à imprensa.

No carro de som, locutores pediram para que os militantes não fossem embora até o pronunciamento oficial de Bolsonaro. Ele, no entanto, se calou até a tarde desta segunda-feira.

Bloqueio de rodovias

Mesmo após o Supremo Tribunal Federal (STF) confirmar a decisão do ministro Alexandre de Moraes para que a Polícia Rodoviária Federal (PRF) desobstrua rodovias bloqueadas, o país amanheceu com 271 ocorrências em estradas nesta terça-feira (1º/11).

Dados divulgados pela PRF nas redes sociais apontam que o país tem 183 pontos de interdição e 88 bloqueios em rodovias de 22 estados e do Distrito Federal. De acordo com a corporação, 192 manifestações já foram desfeitas. Os atos são realizados por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro contra a derrota do mandatário nas urnas.

Os estados com maior número de ocorrências são o Pará (33 interdições), Mato Grosso (22 interdições), Minas Gerais (12 interdições e seis bloqueios), Paraná (24 interdições e 15 bloqueios), Rondônia (20 interdições), Rio Grande do Sul (15 interdições e 15 bloqueios) e Santa Catarina (39 bloqueios).

Leia a íntegra do pronunciamento de Bolsonaro:

“Quero começar agradecendo aos 58 milhões de brasileiros que votaram em mim no último dia 30 de outubro. Os atuais movimentos populares são fruto de indignação e sentimentos de injustiça de como se deu o processo eleitoral.

As manifestações pacíficas sempre serão bem-vindas, mas os nossos métodos não podem ser os da esquerda, que sempre prejudicaram a população, como invasão de propriedade, destruição de patrimônio e cerceamento do direito de ir e vir.

A direita surgiu de verdade em nosso país. Nossa robusta representação no Congresso mostra a força dos nossos valores: Deus, pátria, família e liberdade. Formamos diversas diversas lideranças pelo Brasil.

Nossos sonhos seguem mais vivos do que nunca. Somos pela ordem e pelo progresso. Mesmo enfrentando todo o sistema, superamos uma pandemia e as consequências de uma guerra.

Sempre fui rotulado como antidemocrático e, ao contrário dos meus acusadores, sempre joguei dentro das quatro linhas da Constituição.

Nunca falei em controlar ou cercear a mídia e as redes sociais. Enquanto presidente da República, este cidadão, continuarei cumprindo todos os mandamentos da nossa Constituição.

É uma honra ser o líder de vários brasileiros, que, como eu, defendem a liberdade econômica, a liberdade religiosa, a liberdade de opinião, a honestidade e as cores verde e amarela da nossa bandeira.

Muito obrigado.”

(Metrópoles)

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