O jornalista e apresentador William Bonner defendeu mudanças no debate após mediar o último encontro de presidenciáveis antes do primeiro turno, na última quinta-feira (29/9). O âncora do Jornal Nacional, que precisou dar bronca nos participantes, citou candidatos que “sabotam a dinâmica previamente combinada”.

“A verdade é que o nível de tensão desses debates presidenciais tem aumentado a cada eleição. E não é uma coincidência que isso se dê simultaneamente com o surgimento e o crescimento das redes sociais. A intolerância belicista que elas alimentam se dissemina para fora do universo digital, virtual. E é claro que a política é o ambiente para a tempestade perfeita”, analisou Bonner em declaração ao jornalista Ancelmo Gois, de O Globo.

“Mas nós estamos aprendendo todos os anos. Todos os dias. E eu acho que o debate inaugurou um novo tempo, em que candidatos sem nada a perder podem se dedicar a sabotar a dinâmica previamente combinada. E não importa com qual propósito. Isso é novo, e acho que exige uma abordagem nova”, prosseguiu o apresentador.

Bonner defende punição a candidatos que desobedecerem as regras do debate, o que não ocorreu com Padre Kelmon (PTB), que interrompeu falas de seus oponentes e irritou o mediador.

“Da mesma forma que, 21 anos atrás, ninguém precisava ficar descalço antes de embarcar num avião, não havia necessidade nenhuma de as regras de um debate preverem punição para quem as desrespeitasse. Pessoalmente, acho que esta questão terá de ser abordada de agora em diante, no sentido de preservar o valor de um debate entre candidatos para o esclarecimento dos eleitores”, avaliou o jornalista.

O âncora do JN também sugeriu mudanças na legislação para tirar “sabotadores” do debate: “Hoje, a lei eleitoral obriga as emissoras a convidar candidatos de partidos que tenham ao menos meia dúzia de parlamentares. Isso aumenta muito o número de participantes. Talvez seja o caso de estabelecer uma regra que aumente a exigência de representatividade política para que um candidato participe dos debates”.

(Metrópoles)

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