Enquanto na Câmara a disputa pela sucessão de Rodrigo Maia (DEM-RJ) está aberta, com pelo menos uma dúzia de candidatos já colocados, no Senado a definição ainda está em compasso de espera. Enquanto isso, o MDB, maior partido da Casa, movimenta-se na disputa com pelo menos três nomes fortes colocados – Eduardo Braga (AM), líder da bancada no Senado, Eduardo Gomes (TO), líder do governo no Congresso e Simone Tebet (MS), presidente da CCJ.

O partido, que tem tradição de ocupar a presidência do Senado, busca recuperar protagonismo e o comando perdido na atual legislatura. Com uma bancada de 13 senadores, a sigla considera natural disputar a presidência da Casa no próximo pleito.

O mandato do atual presidente, Davi Alcolumbre (DEM-AP), acaba em fevereiro de 2021 e, pela Constituição, ele não pode ser reconduzido ao cargo na mesma legislatura. No entanto, ele espera uma  possível autorização do Supremo Tribunal Federal (STF) que viabilize sua reeleição.

O candidato do grupo do MDB que comandou o Senado até recentemente é o atual líder da bancada, Eduardo Braga, próximo do senador e ex-presidente do Senado Renan Calheiros (MDB-AL). Ex-governador do Amazonas e ex-prefeito de Manaus, Braga já foi ministro de Minas e Energia no governo Dilma. Considerado um candidato mais ao centro, ele não carregaria o rótulo de governista. Pesa contra o senador, porém, uma investigação no âmbito da Operação Lava Jato. Braga é suspeito de ter recebido R$ 6 milhões da JBS de forma ilegal na campanha de 2014.

Seguindo a posição do Palácio do Planalto, o líder do governo no Congresso, Eduardo Gomes, coloca-se como apoiador de uma eventual candidatura de Davi. No entanto, Gomes, que é hoje um dos principais nomes da articulação do Planalto, nunca escondeu seu projeto político de comandar o Senado e poderá vir a disputar o cargo em 2021. Sua aliança com o presidente Jair Bolsonaro pode enfraquecê-lo em um contexto de busca por maior independência entre parlamentares. No entanto, ele possui bom trânsito e diálogo com a oposição.

Um terceiro nome do MDB é o da senadora Simone Tebet, atual presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Simone não admite nem entre os colegas se candidatar. Ela foi peça-chave na vitória de Davi Alcolumbre.  Em 2019, a senadora desafiou Renan e  se lançou na disputa da qual ele também participava. Na última hora ela retirou sua candidatura e declarou apoio a Davi, trazendo consigo seus apoiadores.  Uma fonte próxima à senadora disse ao Congresso em Foco que ela só concorrerá se houver apelo da maioria dos senadores.

Uma eventual candidatura de Simone é vista por uma parte do Senado como uma forma de a Casa se renovar com segurança. Além da experiência, Simone tem a seu favor o perfil conciliador e independente e uma trajetória política livre de escândalos de corrupção. O atual mandato da senadora se encerra em 2022.  Por causa disso,  há quem considere arriscado ela se dedicar à presidência e, ao mesmo tempo, à reeleição em seu estado.

Simone Tebet é filha do ex-senador Ramez Tebet, que presidiu a Casa entre 2001 e 2002. Se o projeto se concretizar, ela pode se tornar a primeira mulher a presidir o Congresso Nacional.

Mandado Termina em Fevereiro

O mandato do atual presidente, Davi Alcolumbre (DEM-AP), acaba em fevereiro de 2021 e, pela Constituição, ele não pode ser reconduzido ao cargo na mesma legislatura. No entanto, ele espera uma  possível autorização do Supremo Tribunal Federal (STF) que viabilize sua reeleição.

Há duas semanas, o PTB entrou com uma ação no Supremo para questionar a recondução de Maia na Câmara e Davi no Senado. A movimentação, a seis meses do pleito, visa dar uma resposta para o impasse que se instalou nas Casas legislativas. O relator da ação, ministro Gilmar Mendes, remeteu a decisão ao Plenário da corte. Sem data para ocorrer, o entendimento favorável a Davi precisa reunir seis dos 11 votos.

Aliados alegam que o atual presidente tem hoje votos suficientes para se reeleger no Senado – contando, inclusive, com o apoio de quem resistiu à sua eleição em fevereiro de 2019. Nessa composição, está, segundo eles, a senadora Kátia Abreu (PP-TO), que no ano passado segurou a pasta com o roteiro da condução da sessão para impedir Davi Alcolumbre de presidir a sessão inaugural do Senado. Recentemente, em sessão virtual do Plenário, a senadora disse que se fosse hoje, não tomaria a pasta do colega.

*Com o Congresso em Foco

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