O câncer não é uma guerra, e a morte em decorrência da doença não é resultado de uma derrota, pois não há luta insuficiente ou falha pessoal, mas sim uma limitação dos tratamentos possíveis diante do tipo de tumor, estágio e condição de saúde de cada um.

Utilizar a metáfora da ‘luta contra o câncer’ ou outras doenças graves pode trazer um problema a mais ao paciente, um sentimento de responsabilidade por algo que não está a seu alcance.

Vencer o câncer, portanto, não está relacionado à cura da doença, mas sim à forma como se vive o diagnóstico e o tratamento, independentemente de seu desfecho.

De acordo com o Dr. Arnaldo Urbano Ruiz, cirurgião oncológico especializado em doenças do peritônio e coordenador do centro de carcinomatose peritoneal dos hospitais BP e BP Mirante, da Beneficência Portuguesa de São Paulo, antigamente não havia qualquer expectativa de cura para o paciente com diversos tipos de câncer, como a carcinomatose peritoneal, que levava à morte em decorrência de complicações, como a obstrução intestinal.

“Com o advento da cirurgia denominada peritoniectomia (cirurgia citorredutora ) e a técnica de quimioterapia quente no abdome no intraoperatório, chamada quimioterapia intraperitoneal hipertérmica (HIPEC), alguns pacientes chegam à cura da carcinomatose”, afirma.

Da mesma forma, diversos outros tipos de câncer hoje apresentam taxas de curas cada vez maiores, bem como melhor qualidade de vida e maiores sobrevidas a seus pacientes.

O tratamento oncológico

 

O tratamento oncológico, independentemente do tipo de tumor, possui diversos caminhos a ser percorridos, que precisam ser bem avaliados pelos médicos e demais profissionais que acompanham o paciente.

No caso da carcinomatose peritoneal, por exemplo, o tratamento cirúrgico é extremamente agressivo e de alta complexidade, comparável a transplantes de órgãos. O procedimento busca retirar toda a doença, o que pode levar muitas horas.

Mas nem todo paciente será encaminhado para a cirurgia. São diversos os fatores que serão avaliados e apresentados ao paciente e a sua família, que juntos decidirão os próximos passos.

“Em muitos casos, a cirurgia é contraindicada, pois os riscos são maiores que os possíveis benefícios. Quanto mais experiente o profissional, melhor será sua capacidade de avaliar todas as possibilidades e apresentá-las ao paciente”, explica Dr. Arnaldo.

 

Carcinomatose peritoneal

A carcinomatose peritoneal é a disseminação de um câncer pela cavidade abdominal. A doença sai de seu órgão de origem e se espalha pelo peritônio, membrana de revestimento interno do abdome.

A carcinomatose pode se originar em órgãos como ovário, apêndice, intestino grosso (colón), reto, pâncreas, estômago, mama ou primariamente do peritônio.   

​“Esta cirurgia só deve ser realizada em centros com experiência neste procedimento”, alerta o Dr. Arnaldo.

Por este motivo, só é realizada em hospitais referenciados, com uma equipe multidisciplinar especialmente treinada para estas situações. Além de UTI e centro cirúrgico devidamente equipados, são necessários, na equipe, cirurgiões, cardiologistas, clínicos, instrumentadores, anestesiologistas, fisioterapeutas e fonoaudiólogos preparados e habilitados para cuidar destes pacientes.

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