É preciso medir a temperatura e higienizar as mãos com álcool gel para se ter acesso à convenção municipal do PSOL de São Paulo, realizada em uma quadra de futebol na comunidade Morro da Lua, no Campo Limpo, zona sul da cidade, no último dia 5.

Lá, a equipe do candidato Guilherme Boulos favoreceu a circulação de ar: preparou uma tenda para a plateia com as laterais abertas e montou um palco a céu aberto onde os militantes discursaram um a um. As cadeiras foram distribuídas de maneira espaçada para acomodar um público que compareceu de máscara. 

Até o final da convenção, no entanto, o distanciamento social – recomendado por epidemiologistas em época de pandemia do novo coronavírus – foi perdendo rigor e diversos apoiadores foram até Boulos para trocar abraços e tirar selfies coladas. “Sou sua fã”, disse a Boulos uma simpatizante do MTST que deu um abraço apertado no candidato, logo depois de ele ter tirado foto com outras oito pessoas. Dona Olga, respeitada liderança comunitária do Morro da Lua, recebeu um beijo na testa por cima da máscara do candidato.

Apesar da tentativa de aplicar as regras de isolamento social, o tradicional corpo a corpo é inevitável. Em geral, segue-se o mesmo rito: o cerimonial deixa um vão de um metro entre todas as cadeiras, mede a temperatura de quem chega e pede para que todos higienizem as mãos na entrada. No fim do encontro, no entanto, as cadeiras são movidas e os participantes terminam o ato em rodas próximas de conversa e selfies abraçadas. Muitos dos postulantes à Prefeitura admitem que sequer têm o interesse de evitar o contato físico com o eleitorado. 

É o caso da deputada Joice Hasselmann, candidata do PSL, que têm ido à periferia e que esteve na cracolândia no feriado de 7 de setembro. Ela relata que “não tem como impedir” o contato com eleitores que pedem selfies. “Como eu vou dizer não? Não vou fazer isso”, afirmou ao Estadão. Na última dessas saídas, uma moradora de rua se aproximou. “Ela estava sem máscara, mas chegou para conversar e contou a história dela, de como foi expulsa de onde morava. Começou a chorar e me abraçou. Como vou negar o mínimo de carinho?”, indagou Joice. A imagem do abraço, publicada nas redes sociais, chegou a virar meme de opositores e críticos.

A parlamentar, no entanto, se justifica lembrando que já teve covid, se recuperou e não pode mais propagar a doença. “Se eu não tivesse imunizada, o distanciamento seria maior. Meu marido é médico e faço um controle rígido, com exames regulares”, afirmou, referindo-se aos exames que detectam a presença de anticorpos no sangue. Com informações de Agência Estado.

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