No Dia Internacional dos Povos Indígenas, celebrado nesta terça-feira (09), o Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS) reforça a importância da luta histórica e ancestral dos povos indígenas brasileiros, que se mantêm fortes e ativamente comprometidos com os desafios atuais em defesa do direito à terra indígena e ao clima do planeta.
“Os povos indígenas brasileiros vivem as contradições políticas e desafios sociais, onde a principal ameaça é institucional e vem diretamente do Governo Federal”, destaca o presidente do CNS, Júlio Barbosa.
Ele enaltece o trabalho da Aliança dos Povos da Floresta, articulado sob a liderança de Chico Mendes e importantes líderes indígenas na década de 80, que surgiu e se organizou para reivindicar a demarcação das terras indígenas e a criação de reservas extrativistas, o que também possibilitou a pressão socioambiental para incluir na Constituição Federal de 1988 os direitos dos povos indígenas.
“Hoje, como bem diz o líder indígena Aiton Krenak, a Aliança dos Povos da Floresta é para ‘adiar o fim o mundo’, ou seja, defender a humanidade do mundo, defender a aliança efetiva com todos os seres e ampliar o horizonte existencial comunitário e coletivo das organizações sociais”, afirma Júlio Barbosa.
O CNS também reconhece as ações da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) e da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB) no processo permanente de mobilizações nacionais em defesa dos direitos, das terras indígenas, do enfrentamento ao Marco Temporal e da garantia da sociobiodiversidade amazônica, em especial neste momento em que o planeta debate a crise climática, um processo que atinge em todos os contextos os viventes da terra.
“É substancial a crítica das organizações indígenas brasileiras, apoiadas pelas sociedades e os movimentos sociais mundiais que sabem e conhecem muito bem quem são os governos e os agentes econômicos responsáveis pela crise ambiental no planeta, mas no Brasil há um processo político de pressão socioambiental que busca transferir para os povos indígenas e as populações tradicionais o problema causado pelas mudanças do clima”, afirma o presidente do CNS.
Lutas coletivas
O secretário-geral do CNS, Dione Torquato, acrescenta que o Dia dos Povos Indígenas é uma data importante para que a sociedade tenha consciência da luta dos povos indígenas no enfrentamento de questões, como o projeto de lei (PL) 490 do Marco Temporal, atualmente, em tramitação no Supremo Tribunal Federal (STF).
Segundo ele, a isso se junta os movimentos sociais do campo, das águas e da floresta para impedir que o Congresso Nacional aprove os PL 191 da mineração em terras públicas, o PL 495 de privatização da água, o PL 6299 do veneno e o PL 313 que autoriza a criação de gado e búfalos nas Reservas Extrativistas ( Resexs). “São essas algumas bandeiras de luta das populações tradicionais extrativistas da Amazônia e outras regiões brasileiras”, destaca Dione Torquato.
Para Julio Barbosa, a solidariedade à resistência política “precisa nos manter unidos para continuarmos acreditando na luta e na esperança de dias melhores à mãe terra, a biodiversidade, a sociobiodiversidade e ao processo de fortalecimento da Aliança dos Povos da Floresta. Além disso, assegurar o nosso papel de protetores e defensores do patrimônio natural brasileiro, para seguirmos atuantes por meio da luta social, da luta política e da solidariedade ambiental com a vida e a natureza”.