O desabastecimento de oxigênio líquido em unidades de atendimento a pacientes com Covid-19 em Manaus, se agravou nesta quinta-feira, 14, e alguns hospitais da capital amazonense já não têm mais o insumo para manter o tratamento dos internados. Com o agravamento da crise pacientes acometidos pela Covid-19 serão transferidos para outros estados.

O governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), disse que a Secretaria de Saúde está fazendo triagens de pacientes com casos moderados de Covid-19 para transferi-los a outros cinco estados: Goiás, Piauí, Maranhão, Brasília e Rio Grande do Norte.

Num primeiro momento serão encaminhados 235 pacientes acometidos pela Covid-19, cujos quadros clínicos são considerados moderados. Cem pacientes serão transferidos para hospitais da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), no Maranhão, Piauí, Rio Grande do Norte, Goiás e Distrito Federal, além de mais 100 para a rede estadual de saúde de Goiás.

“O paciente do Amazonas que subir na aeronave vai ter toda a segurança e assistência, cobertura até de assistentes psicossociais para que não haja falha nenhuma, todos voltados para o paciente e que chegue no destino com toda segurança e acolhimento que paciente tem que ter”, afirmou o secretário Franco Duarte, do Ministério da Saúde.

O índice de consumo diário de oxigênio no estado é de 76 mil metros cúbicos, a produção diária da empresa responsável, White Martins, é de 28 mil metros cúbicos. O aumento do consumo se deu nos últimos dez dias e é duas vezes maior do que em abril e maio de 2020, meses de pico da pandemia no último ano.

O transporte dos cilindros estava sendo feito pela Força Aérea Brasileira desde a quinta-feira, 7, quando o secretário de saúde foi informado de que a empresa White Martins estava passando por dificuldades para entregar o produto.

O acordo do governo federal com a empresa era de que a aeronave C-130 faria o transporte dos recipientes entre Guarulhos e Manaus. Franco Duarte informou, nesta manhã, que a aeronave está em manutenção e que deve retornar para fazer o trajeto assim que liberada. O secretário não informou se este é o motivo da paralisação dos envios.

Secretário de Saúde

O secretário de Estado da Saúde, Marcellus Campêlo, destacou que, na noite da última quarta-feira (13/01), a empresa fornecedora da maior parte dos gases medicinais à rede pública estadual oficializou “dificuldades em relação à execução do plano logístico para a entrega de insumos e a alta demanda que vinha ocorrendo” na rede pública de saúde. O Governo do Amazonas executa, hoje, a fase 5 do Plano de Contingência que visa frear a pandemia no estado.

Diante disso, uma estratégia foi desenvolvida para a transferência dos pacientes. “Os governos e as Forças Armadas começaram a trabalhar para o apoio logístico e a entrega de oxigênio. Mas, tivemos um pico e um aumento da demanda acima do esperado”, explicou. O aumento expressivo ocorreu entre os dias 1º e 12 deste mês.

De acordo com o secretário, entre os meses de março e maio, houve um consumo máximo 30 mil metros cúbicos/mês. Hoje, são mais de 76 mil, um acréscimo de 160%.

Marcellus explicou que a falta do insumo também prejudicará a abertura de leitos já prontos para serem habilitados em unidades como o Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV) e no Hospital Nilton Lins, cuja estrutura está pronta para entrar em funcionamento. “Não conseguiram ativar leitos em virtude da contingência de oxigênio, que ocorre sem precedentes (no estado). É necessário que a população compreenda e apoie (as medidas)”, frisou.

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