Rio de Janeiro – Em depoimento à polícia, um amigo do belga Walter Henri Maximilien Biot, de 52 anos, morto na última sexta-feira (5/8), afirma que a relação entre cônsul alemão e marido era marcada por humilhações e brigas violentas.

Segundo o depoente, um espanhol de 57 anos, Walter havia relatado uma série de agressões físicas e psicológicas que sofria por parte do marido, o cônsul Uwe Herbert Hahn, de 60, que está preso desde sábado (6/8), acusado pelo crime.

A nova testemunha foi ouvida pela 14ª DP (Leblon), que investiga o caso, na tarde de segunda-feira, dia 8. A diarista que trabalhava para o casal também prestou depoimento na unidade policial.

Em um trecho do depoimento, ao qual o Metrópoles teve acesso, a testemunha diz que “Uwe era um pessoa extremamente arrogante e não raro escutava o cônsul vociferar: ‘Eu sou diplomata e nada pode me acontecer”’.

O espanhol também afirma que Uwe fazia uso constante de drogas e que, por ser cônsul, mandava Walter adquirir os entorpecentes. Ainda de acordo com ele, Walter e Uwe chegaram a se separar por alguns meses, mas o belga retornou para o Brasil pouco depois.

“Walter possuía um grande amigo rico na Bélgica. Por não tolerar mais as humilhações, resolveu se separar; o amigo belga arcou com toda sua mudança para Bélgica. Após três meses, Walter retornou ao Brasil e retomou o casamento”.

Com a morte do amigo na Bélgica, Walter recebeu uma herança de 600 mil euros (cerca de R$ 3.100 milhões), de acordo com o espanhol. Segundo ele, isso impulsionou ainda mais as brigas entre o casal, já que Walter não dependia mais financeiramente de Uwe.

“A partir daí, as brigas aumentaram, porque Uwe não podia mais diminuir o marido. Falou também que Walter passou a ter seu próprio dinheiro, realizando suas tarefas por conta própria, o que causava extrema irritação em Uwe”, explica a testemunha.

“Walter passou a relatar ao declarante que possuía brigas diárias, relatava ter vergonha dos vizinhos, uma vez que a gritaria era constante e, por diversas vezes, com objetos atirados um contra o outro. Que Walter relatava ao declarante que diariamente o casal falava em separação”, completou o espanhol.

Agressão em julho

No depoimento, o espanhol também afirmou que, ao entrar em contato com o irmão de Walter para avisar sobre sua morte, soube que uma agressão foi relatada pelo belga.

“Pascal [irmão de Walter] confidenciou ao declarante, mostrando um print de uma mensagem que Walter havia enviado ao seu irmão, na qual a vítima relatava ter sido agredido por Uwe no dia 17 de julho; e que Walter, inclusive, havia manifestado o desejo de reportar o fato às autoridades policiais no Brasil”.

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