“Uma área desafiadora”. Imir* usa essas três palavras para resumir o Nordeste da Síria, onde ele começou a trabalhar recentemente como líder cristão. A nação que celebra hoje sua independência tenta dia após dia superar as dificuldades causadas por anos de guerra, pelos terremotos em 2023 e pela perseguição aos cristãos, que colocou a Síria entre os 13 países da Lista Mundial da Perseguição 2024 com perseguição extrema a cristãos.
Imir faz parte da força-tarefa para reconstruir a Síria. Ele atua em um dos Centros de Esperança, igrejas que, com o apoio da Portas Abertas, oferecem ajuda emergencial, cursos de capacitação profissional e outros tipos de assistência a cristãos perseguidos na região. O líder cristão se mudou com a esposa, Timar*, para o Nordeste do país, uma região em que muitos seguidores não estão acostumados a ler e estudar a Bíblia.
A área onde Imir atua é predominantemente habitada por curdos, tanto que é conhecidda como “Curdistão sírio”. Originalmente, havia muitas igrejas históricas de grupos étnicos siríos, caldeus e assírios ali, porém, o Estado Islâmico (EI) e o exército turco destruíram muitas delas. Dúzias de vilarejos cristãos estão desertos desde que o EI tomou essa parte da Síria, em 2015. Mesmo com a derrota do grupo extremista, a população não pode voltar para casa, pois pouco depois a invasão turca começou e obrigou outros cristãos a fugirem da região. Mas Imir e Timar decidiram não apenas morar nessa região, mas servir às igrejas locais que restaram e apoiar os parceiros locais ali.
A importância do discipulado
“Os cristãos da região são muito ativos, mas não costumam ler ou estudar a Bíblia. Estou introduzindo esses hábitos em minha igreja”, conta Imir sobre o trabalho. Ele começou discipulando a liderança da igreja, de modo que aprendam mais sobre a Palavra de Deus e possam ensinar outras pessoas. Outro costume que os cristãos no Nordeste da Síria não tinham é o de visitar outros cristãos em suas casas. “Comecei a visitar lares antes do Natal. Vi os idosos e doentes e levei algumas lembrancinhas para eles em nome da igreja. As visitas foram muito bem recebidas e ajudaram a aumentar a comunhão da igreja. Em minha opinião, essas visitas são uma atividade de evangelismo”, conta o líder cristão.
Agora, Imir encoraja outros cristãos locais a fazerem essas visitas aos lares. “Todos os diáconos e lideres cristãos da igreja estão capacitados para visitar nossos irmãos e irmãs na fé”. Desde o começo do ministério, em 2023, Imir começou diversas atividades com a comunidade cristã local, como para casais e para a juventude.
Coral e acolhimento de recém-convertidos
“Também começamos um coral e muitos de nossos membros são cristãos de origem muçulmana. É tão encorajador ouvir as canções de louvor na língua curda”, acrescenta Imir. O líder cristão enxerga muitas dificuldades para os cristãos de origem muçulmana, pois poucos estão preparados para discipular esse grupo. “Tenho convicção de que a igreja é para todas as pessoas, os cristãos de origem muçulmana são seguidores de Jesus tanto quanto aqueles que nasceram em lares cristãos”, diz o líder cristão. Através do ensino, Imir promove o acolhimento de cristãos de origem muçulmana e tem visto a diferença no dia a dia da igreja.
“É uma grande oportunidade entre os muçulmanos, especialmente os que têm origem curda. Fazemos acompanhamento com as famílias dos recém-convertidos a cada 15 dias. A cada visita, outros membros da família decidem participar do discipulado”, conta Imir.
Quando questionado sobre como a igreja global poderia orar pelo trabalho na região, Imir disse: “Orem para que as portas do povo curdo estejam abertas para nós e por mais conhecimento de Deus e por maturidade de fé para os cristãos na área. Orem também por obreiros, por pessoas que queiram servir a Deus no Nordeste da Síria”, conclui Imir.
