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José Luiz Datena criticou o discurso relâmpago de Jair Bolsonaro (PL) após ter sido derrotado na eleição para Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Para o apresentador, o presidente prejudica a democracia ao não reconhecer explicitamente o resultado das urnas nem exigir a saída de seus apoiadores das rodovias.

“Em 50 anos de jornalismo, quase caí sentado com esse discurso”, desabafou o titular do Brasil Urgente. “Foi um discurso que teve começo, ameaçou ter meio, mas não teve fim”, disse logo após a fala de 2 minutos de Bolsonaro.

Após o complemento do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, informando o início da transição para o governo Lula, Datena se tranquilizou, mas manteve as críticas ao presidente.

“Ele não pediu para levantar os bloqueios, eu pensei que ele pedisse isso imediatamente. Não foi claro, ele deveria ter sido claro, ‘eu gostaria que de repente fossem levantadas as barreiras, os bloqueios das estradas brasileiras’. Não acho que isso seja o suficiente para que as pessoas entendam e suspendam os bloqueios, de forma alguma. Deveria ter sido mais contundente o presidente ou não entendi bem o discurso dele”, analisou o apresentador, ensinando ao presidente o princípio básico da democracia.

“O Ciro disse que está autorizado, quando provocado, a começar o governo de transição, o que significa que o presidente Jair Bolsonaro reconhece a derrota nas urnas. Ele não falou isso em nenhum momento, só disse que essas manifestações demonstram a insatisfação de parte do país. É claro que parte do país está insatisfeita. Metade do país votou nele e a outra metade mais um votou no Lula. Então, democraticamente, o Lula está eleito. Que a outra parte esteja insatisfeita, sempre vai estar, porque uma das partes sempre perde. É uma disputa, não é? É uma disputa entre dois candidatos e um perde. Ele ganhou por pouco, mas ganhou o Lula. É uma parte mais um! Então ele é o presidente eleito. Ele não admitiu a derrota”, prosseguiu Datena.

É um reconhecimento de derrota? É. Mas de uma forma disfarçada, não clara e que, mesmo assim, prejudica, sinceramente, a democracia. Isso é melhor que nada? É muito melhor que nada. Mas merecia muito mais a democracia brasileira que vai se consolidando, dando mostras de que está perto de ser uma das grandes democracias do mundo.

O apresentador ainda avaliou que Bolsonaro diminuiu seu poder político em razão dos bloqueios nas rodovias: “Ele sai grande dessas eleições e sai um pouco menor depois dessa paralisação desnecessária que, quero crer, foi provocada por ele mesmo. Não foi manifestação simples e popular. Se ele fica quieto, não reconhece a derrota, o povo fala ‘opa, talvez pode se dar um golpe aí’! Pode-se gerar uma expectativa de golpistas, e golpe não cabe mais em lugar nenhum”.

(Metrópoles)

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