Nos dias de hoje o termo “depressão” foi banalizado e é comum ver como ele tem sido usado de forma inadequada e até mesmo irresponsável, uma vez que se trata de uma doença, que quando agravada pode até mesmo levar a óbito. Se por um lado ela tem se apresentado uma doença “mainstream” por outro, tem sido ignorada. O que dizer então, quando a depressão acontece na infância?
Pesquisas têm comprovado que das crianças que apresentam depressão num estágio mais grave e não são diagnosticadas ou não recebem tratamento necessário, cerca de 85% não estavam em tratamento no mês anterior ao suicídio. Ainda não se sabe ao certo quais são os principais fatores que geram a depressão infantil. Muitos médicos e pesquisadores apontam para fatores genéticos, hereditários, orgânicos e até mesmo ambientais.
Entretanto, muitos psicólogos apontam para a falta de afetividade, carinho e estrutura familiar. De acordo com a psiquiatra Silzá Tramontina, do Departamento de Psiquiatria da Infância e a Adolescência do Hospital das Clínicas de Porto Alegre, “crianças que vivem sob muita tensão num ambiente familiar e/ou social (como a escola, por exemplo) muito violentos ou com muita privação material ou afetiva, tendem a ter depressão”.
Ainda na opinião de Cristina Poli, apresentadora do SuperNanny, “a depressão nas crianças é resultado da falta de amor incondicional dos pais. A criança deve ser disciplinada, mas o afeto deve estar junto com o ensino.” Ela acredita ainda que “a criança com depressão é uma consequência da loucura do momento social, do estresse dos pais, da instabilidade emocional devido a problemas relacionados ao trabalho e de uma série de outras coisas que acabam repercutindo na criança, que também acaba se estressando e sentindo-se mal-amada.”
Muitas crianças tidas como deprimidas ou como hiperativas estão longe de tais problemas. Na realidade, são indícios de problemas familiares, quer seja violência doméstica quer seja descaso ou mesmo abandono. Alguns dos principais indícios de que uma criança pode estar com depressão infantil são:
- Isolamento
- Falta de amigos
- Agressividade e irritabilidade
- Pesadelos
- Enurese noturna
- Dificuldade para ganhar peso
- Transtornos alimentares
- Pessimismo
- Baixa autoestima (acredita que ninguém gosta dela)
- Falta de amigos
- Dificuldade de socialização
- Fantasias suicidas (em casos mais graves)
- Dificuldade de concentração
- Queda no rendimento escolar
Se ao vivenciar quaisquer destas situações você perceber mudanças súbitas no comportamento, tais como as acima apresentadas, fique atento e leve a criança para uma avaliação com um psicólogo e um neuropediatra, caso estes comportamentos persistam por mais de quarenta e cinco dias
Syrsjane Navegante Cordeiro
Psicóloga pelo UNASP – SP, Especialista em Saúde Mental. Já atuou como psicóloga na prevenção e promoção de saúde na atenção básica (2014); na prevenção e promoção de saúde indígena no Alto Rio Solimões (2015); atuou também na área da assistência social, no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) e no Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS).