No Brasil atual, apesar de toda precariedade e todo o desmonte que vem sofrendo nos últimos anos, a escola ainda é uma instituição de credibilidade. Não é só porque eu sou professor que posso afirmar isso. Qualquer pessoa atenta aos reclames da sociedade civil pode perceber esse fato.
A escola brasileira se tornou o último fio de esperança para muitos jovens. Parece mesmo que “fora da escola não há salvação”. Como tornar essa instituição atrativa aos jovens? Como diminuir a evasão escolar? Como a escola pode ser um lugar de aprendizagem, conivência fraterna e respeito mútuo?
A escola enquanto instituição social tem a função de transmitir o conhecimento produzido pela humanidade às futuras gerações. Ou seja, enquanto instituição “socializadora do saber” ela deve se preocupar com o desenvolvimento das potencialidades físicas, cognitivas e afetivas do indivíduo, capacitando-o a tornar um cidadão, participativo na sociedade em que vivem.
No entanto, essa escola que é “o último fio de esperança” para muitos jovens, vem passando por grandes transformações, principalmente no tocante as tecnologias. Como fazer com que os estudantes se sintam motivados para o estudo apenas com a lousa e o quadro branco?
Grande parte da evasão escolar se explica pela falta de apoio que os estudantes não recebem na escola, pelo preconceito social e de classe, pela violência e pela falta de trabalho. Muitos estudantes não vão à escola porque não tem dinheiro para a passagem de ônibus, calça para usar, e porque acham a escola chata.
Contra a chatice da escola, o estudante deve pensar que é um ritual de passagem, uma fase; que tudo na vida passa. Porém, essa fase acaba definindo quem é quem lá na frente. Para quem não nasceu em berço de ouro, para quem não é artista, empresário de sucesso, ou não ganhou na mega-sena, a escola ainda é a melhor forma de ascensão social.
Muitos são os fatores que contribuem para a conquista do prestígio social que à escola possui atualmente. Certamente, um desses fatores é a atuação quase heroica de muitos professores por esse país a fora.
Muitos professores, sem apoio, sem material didático, às vezes colocando dinheiro do próprio bolso, transformam vidas, fazendo com que muitos jovens percebam que somente estudando eles têm a possibilidade de mudar de vida, de seguir em frente, de estabelecer novos propósitos para suas vidas, de atingir metas.
Ser professor no Brasil atualmente é ser capaz de fazer o estudante sonhar. Somente sonhando o homem se diferencia dos outros animais. No entanto, todo sonho só é real se for embasado em ações concretas.
Essa possibilidade faz toda diferença frente à precariedade da realidade escolar. Lutemos, pois, por uma educação melhor, por um sistema econômico que reúne ética e preservação ambiental, por uma escola melhor, por um país melhor!
Luís Lemos
Filósofo, professor universitário e palestrante. Autor dos livros: O primeiro olhar – A filosofia em contos amazônicos (2011), O homem religioso – A jornada do ser humano em busca de Deus (2016); Jesus e Ajuricaba na Terra das Amazonas: Histórias do Universo Amazônico (2019). Fone: 988236521. E-mail: [email protected]