Quando vim para esta cidade, no distante ano de 1994, a minha percepção era que a temperatura de Manaus não era tão alta como é atualmente, quase nunca chegava aos 38º graus. Hoje, a sensação que eu tenho é que Manaus virou um deserto a céu aberto e com frequência à temperatura ultrapassa os 40º graus.

Estudos apontam que as mudanças climáticas provocam uma série de impactos na vida das pessoas, principalmente as mais vulneráveis, especialmente as de baixa renda, que enfrentam com mais dificuldades os problemas relativos à sobrevivência e à adaptação. Por isso, não é exagero afirmar que cidades inteiras, culturas e povos desaparecerão por causa das altas temperaturas do Planeta se nada for feito.

Acredita-se, ainda, que haja um aumento no número e na gravidade de doenças cardíacas, asma e infecções generalizadas. Mortes decorrentes de ondas de calor serão ainda mais constantes e estarão relacionadas a doenças cardiovasculares e respiratórias e se concentrarão, principalmente, entre pessoas idosas e indivíduos com doenças preexistentes.

Há muitos fatores que contribuem para o aquecimento global, principalmente fatores causados pela ação humana. Os magnatas do petróleo e do carvão estão destruindo a vida na Terra. Ou seja, a crise ambiental que estamos vivendo hoje não é natural. É preciso reunir forças e encontrar meios para contornar ou resolver esta situação. Todos os esforços devem ser aplicados para a construção de uma nova forma de se viver no Planeta. Ou mudamos a nossa forma de viver, agir, conviver e consumir ou sofreremos ainda mais as consequências de um meio ambiente inabitável. Enfim, é imprescindível que tenhamos um novo olhar sobre a Natureza.

E como as crianças aprendem com mais facilidades que os adultos, acreditamos que a saída é investir na educação das novas gerações. É preciso ensinar para as crianças e os adolescentes outra forma de se relacionar com a Natureza, uma forma mais orgânica, espontânea e criativa. Somente assim as futuras gerações desfrutarão do meio ambiente saudável, necessário à vida na Terra.

Por outro lado, não sei que influência tem o calor sobre o caráter do ser humano, mas uma coisa é certa: as pessoas ficam com o comportamento alterado. Tem gente que muda o humor, a forma de se relacionar com os outros e até a fé.

Outro dia, um conhecido meu, muito religioso por sinal, disse-me: —“Certamente Deus não gosta de Manaus porque aqui é muito quente”. Eu, querendo saber à origem daquele pensamento, lhe questionei: — “Por que o senhor pensa assim?”. — “Porque no frio as pessoas ficam mais focadas, calmas e próximas umas das outras” — ele me respondeu. E continuou: — “Ajuda a pessoa a pensar melhor, impulsiona o funcionamento cerebral, melhora a qualidade do sono, a dormir melhor, a pele fica mais rejuvenescida, enfim, torna as pessoas mais alegres, solidárias e felizes”.

Em tudo concordei com ele, mas continuei a questioná-lo. — “Se o senhor não gosta de Manaus, por que não vai embora daqui? Nós, seres humanos, somos livres e podemos escolher esta ou aquela cidade, este ou aquele estado, este ou aquele país. O importante é saber que todas as cidades, todos os estados, todos os países são importantes e que cada um possui características especificas”. E completei citando à Bíblia, especificamente Hebreus, capítulo 11, versículos 8 a 10:

— “Pela fé Abraão, sendo chamado, obedeceu, indo para um lugar que havia de receber por herança; e saiu, sem saber para onde ia. Pela fé habitou na terra da promessa, como em terra alheia, morando em cabanas com Isaque e Jacó, herdeiros com ele da mesma promessa. Porque esperava a cidade que tem fundamentos, da qual o artífice e construtor é Deus”.

Sendo Manaus uma cidade localizada no meio da maior floresta tropical do mundo, pensamos que ela deveria ser mais bem cuidada e administrada. As ruas, as avenidas, os espaços públicos e privados de Manaus deveriam ser todos arborizados. Por que Manaus tem tão poucas árvores? Até quando vamos suportar o aumento da temperatura no Planeta

Por fim, para amenizar o calorão que faz em Manaus, costumo andar sempre com uma garrafinha de água na mão. Para onde eu vou, carrego-a comigo. Já virou até item obrigatório, material de primeiro socorro. Além de refrescar o nosso corpo, o hábito de beber água protege e hidrata nossas articulações, contribuindo para a nossa saúde. E você, o que costuma fazer para amenizar o calor?

Luís Lemos é professor, filósofo e escritor, autor, entre outras obras de, Filhos da Quarentena: A esperança de viver novamente, Editora Viseu, 2021. https://www.editoraviseu.com.br/filhos-da-quarentena-prod.html?___SID=U
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