Loja do Dia - Crédito: Divulgação

Com uma dívida de R$ 1,081 bilhão, a rede espanhola de supermercados Dia anunciou nesta quinta-feira, 21, um pedido de recuperação judicial no Brasil diante do que chamou de “persistentes resultados negativos”.

A decisão veio uma semana depois que a companhia anunciou que vai fechar 343 supermercados e três centros de distribuição no Brasil, permanecendo apenas em São Paulo, após cerca de 23 anos de presença no país.

Para 2024, a estimativa do Dia para o faturamento líquido é de R$ 2,5 bilhões, já considerados os efeitos da redução do número de lojas – no no exercício de 2023, o valor foi de aproximadamente R$ 3,9 bilhões.

Motivos da queda do Dia

Em um documento no qual a ISTOÉ DINHEIRO teve acesso, o Dia indica alguns motivos que levaram à recuperação judicial.

Commodities: para o Dia, “a disparada do preço das commodities afetou severamente os varejistas do ramo de alimentos como um todo, mas, no caso do Dia, esse golpe foi especialmente severo em razão do modelo de negócio adotado em suas lojas”.

Expansão atacarejos: outro fator que contribuiu para a situação de crise do dia, segundo a própria companhia, foi “a enorme expansão no Brasil dos denominados ‘atacarejos’, um modelo de supermercado ‘cash and carry’ que mescla características tradicionais do varejo e do atacado”.

Aumento da inflação: as redes voltadas ao comércio de produtos “mais econômicos”, caso do Dia, têm sofrido os efeitos concorrenciais de forma bastante negativa, “os quais são agravados pelo aumento da inflação verificada no país a partir de 2021 e da concomitante queda na renda da população”.

Taxa do franqueado: apenas a reduzida parcela de 60% das projeções significou uma frustração de receita líquida de aproximadamente R$ 876 milhões, em valores históricos.

“Mais que reduzir substancialmente as receitas provenientes das franquias, os fatores que levaram o Dia à sua momentânea situação de crise repercutiram severamente sobre os seus franqueados, os quais, em grande parte devido ao porte dos seus negócios, não foram capazes de continuar honrando os seus compromissos perante o Dia. Desse modo, diversos franqueados a partir de 2022 não conseguiram pagar os estoques que lhes foram fornecidos pelo Dia, causando prejuízo superior a R$ 41 milhões (em valores históricos), correspondendo ao montante de recebíveis que deveriam ser, mas não foram pagos por esses franqueados a tempo e modo”.

E completa: “Apesar de tudo isso, o Dia segue confiando na viabilidade da sua operação no Brasil, fato comprovado pelos vultosos aportes de capital realizados por seu controlador nos últimos anos para custear os diversos esforços empreendidos com o objetivo de melhorar os resultados operacionais.”

Dia

Em nota oficial, a companhia afirma que o pedido de recuperação judicial tem como finalidade “tentar ajudar a continuidade da operação da empresa e, por consequência, a preservação de sua atividade econômica e o cumprimento de seus compromissos”.

“O pedido de recuperação judicial se limita exclusivamente ao Dia Brasil, não impactando a situação financeira na Espanha e na Argentina, onde atualmente o Grupo Dia atingiu uma posição relevante com a estratégia focada na distribuição alimentar de proximidade”.

Com informações de ISTOÉ

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