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O homicídio de um catador de recicláveis no Autódromo de Interlagos, na zona sul de São Paulo, em novembro do ano passado, pode ajudar a desvendar a morte do empresário Adalberto Amarilio Júnior, encontrado morto, aos 36 anos, em um buraco no local, em 3 de junho. Isso porque, para a Polícia Civil, os dois casos apontam para a ação truculenta de vigilantes no circuito.

Morte de catador de latinhas

Em 8 de novembro, o catador de materiais recicláveis Marcelo Edmar da Silva, 26 anos, foi torturado por vigilantes. Ele teria escalado o muro para acessar o autódromo de maneira irregular, e foi impedido por seguranças, que o amarraram e espancaram até a morte.

Os vigilantes – Francisco das Chagas de Souza Alves e Emerson Silva Brito – estão presos e respondem a uma ação criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) por tortura.

Ligação com morte de empresário

Uma das hipóteses da Polícia Civil de São Paulo é que Adalberto tenha tido um fim parecido. O empresário desapareceu após ir a um evento de moto no Autódromo de Interlagos e foi encontrado, quatro dias depois, em um buraco próximo a um local em obras, na Avenida Jacinto Júlio, no portão 9 do circuito.

Adalberto morreu por asfixia — com isso, a natureza do inquérito foi alterada para homicídio. No entanto, a forma como o crime ocorreu ainda não foi determinada. Por essa razão, há duas possibilidades em investigação: morte por constrição torácica (provocada por pressão no tórax) ou asfixia resultante de pressão no pescoço.

Como mostrado pelo Metrópoles, um dos seguranças do evento no qual a vítima estava poderia ter aplicado um mata-leão no empresário, durante um hipotético confronto. A reportagem mostrou, anteriormente, que 200 vigilantes trabalhavam no evento do qual a vítima participou.

De acordo com a polícia, os investigadores possuem uma lista com os nomes de todos eles. Os agentes também solicitaram imagens para mostrar quais funcionários estiveram no trajeto do autódromo até o carro de Adalberto.

Até o momento, não há um principal suspeito pela morte do empresário. O próprio amigo dele, última pessoa a vê-lo com vida, chegou a ser considerado responsável pelo crime. No entanto, apesar das inconsistências em seu depoimento, ele tem um álibi e não há, por enquanto, indícios de seu envolvimento no caso, informou a polícia.

Desaparecimento

  • Adalberto desapareceu na noite de uma sexta-feira (30/5), após não retornar de um evento de moto no Autódromo de Interlagos. Ele estava com um amigo.
  • A esposa do empresário afirmou à polícia ter recebido uma mensagem de Adalberto, por volta das 20h, dizendo que iria ver uma corrida de motocross e seguiria para casa posteriormente.
  • Rafael Aliste, amigo de Adalberto, contou às autoridades que curtiu o evento com o empresário normalmente, participaram de algumas corridas de moto, beberam bebidas alcoólicas e se despediram por volta das 21h.
  • O caro do empresário estava estacionado no Kartódromo de Interlagos. O veículo, que tinha manchas de sangue em seu interior, foi apreendido pela polícia.

Quem era o empresário

Adalberto Júnior era dono da rede Óticas Angela, que tem unidades em Osasco e Barueri, na região metropolitana de São Paulo.

Ele era casado com Fernanda Dândalo. Nas redes sociais, a mulher publicou fotos do casal em viagens internacionais, como Paris e Roma.

Adalberto também gostava de passear de moto, hobby que era dividido com a companheira. Na última publicação do casal, Fernanda aparece ao lado do empresário, em frente a uma moto, com a legenda “motoqueiros selvagens”.

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