O presidente do Parlamento da Eslováquia e candidato à Presidência do país, Peter Pellegrini, vota no segundo turno das eleições em 6 de abril de 2024 em Rovinka - AFP

Os eslovacos elegeram como presidente o ex-primeiro-ministro Peter Pellegrini, aliado do atual governo populista contrário à ajuda para a Ucrânia, em um segundo turno realizado neste sábado (6).

Pellegrini obteve 53,55% dos votos, enquanto seu adversário, o diplomata pró-europeu Ivan Korcok, recebeu 46,44% dos votos, com 99% das urnas apuradas, segundo o Escritório de Estatísticas da Eslováquia.

Korcok, um ex-ministro das Relações Exteriores, reconheceu a derrota e parabenizou seu adversário.

Ele também expressou sua esperança de que “Peter Pellegrini seja independente e atue de acordo com suas próprias convicções e sem ordens”, em uma referência à clara aliança entre o futuro presidente e o chefe de governo, Robert Fico.

Pellegrini, economista de formação, é o presidente do Parlamento e afiliado ao governo de Fico, que, desde sua chegada ao poder em outubro, cortou a ajuda militar à Ucrânia, com a qual a Eslováquia compartilha uma pequena fronteira.

Na Eslováquia, o chefe de Estado tem funções essencialmente protocolares, embora seja responsável por ratificar tratados internacionais, nomear juízes principais e atuar como comandante-em-chefe do Exército. Da mesma forma, ele pode vetar leis aprovadas pelo Parlamento.

O presidente eleito sucederá a chefe de Estado em exercício, Zuzana Caputova, que decidiu não buscar um segundo mandato.

O antieuropeu e pró-russo Stefan Harabin, que ficou em terceiro lugar no primeiro turno há duas semanas com 12% dos votos, não apoiou nenhum dos dois candidatos no segundo turno.

– ‘Salvar o governo’ –

A invasão russa da Ucrânia há mais de dois anos tornou-se um importante tema de campanha neste país da Europa Central, com 5,4 milhões de habitantes, membro da UE e da Otan.

Especialmente desde que o primeiro-ministro populista Fico, aliado de Pellegrini, questionou a soberania de Kiev e pediu paz com Moscou.

Pellegrini foi ministro nos governos anteriores de Fico e até o substituiu como chefe do governo em 2018.

“Eu me apresento à Presidência para salvar o governo de Robert Fico”, disse Pellegrini em um debate televisivo com Korcok.

“Você quer proteger o governo. Eu quero proteger a Eslováquia”, respondeu seu rival.

O governo que está no poder desde outubro, composto pelo partido Smer de Fico, pela formação Hlas de Pellegrini e pelo pequeno partido de extrema direita SNS, interrompeu a ajuda militar à Ucrânia.

“Ivan Korcok é um belicista que apoiará sem hesitar tudo o que o Ocidente lhe disser, incluindo arrastar a Eslováquia para a guerra”, afirmou Fico em um vídeo.

“A cena política eslovaca está dividida entre aqueles que apoiam continuar a guerra a todo custo e aqueles que exigem o início de negociações de paz”, declarou Pellegrini à AFP. “Eu pertenço à segunda categoria”, esclareceu.

Korcok, muito crítico com o governo de Fico e apoiado pela oposição, é decididamente a favor de Kiev.

“A Federação Russa tem pisoteado o direito internacional […] Eu não acredito que a Ucrânia deva renunciar a parte de seu território para alcançar a paz”, declarou Korcok à AFP.

“Eu não quero que Fico e seus amigos monopolizem tudo na Eslováquia, por isso optei por Ivan Korcok. Ele é um verdadeiro político democrata”, declarou à AFP Frantisek Hazik, um homem de 31 anos que trabalha na capital Bratislava.

A aposentada Helena Vaclavova, de 67 anos, também tem certeza: “Eu sei que Peter Pellegrini só quer coisas boas para o país, então votei nele. Ele nos defenderá de tudo e será um bom presidente”.

Com informações de ISTOÉ

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