Rio de Janeiro – Uma jovem grávida de 25 anos morreu após procurar atendimento médico por quatro dias no Hospital Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias, Baixada Fluminense do Rio. O bebê que Mariana Gimenes esperava também não sobreviveu.

A família indica que houve negligência no atendimento prestado a Mariana. Alega que a jovem era saudável e não havia apresentado problemas durante a gestação. Ela começou a se sentir mal a partir da 30ª semana de gestação.

Segundo Gabriela Mota, prima da vítima, Mariana foi diagnosticada com infecção urinária e chegou a tomar os medicamentos indicados pelo médicos que a atenderam.

“Estamos sem acreditar. Como uma pessoa saudável, que trabalhava, estava bem e acabou morta por falta de atendimento? Ninguém vai para o hospital a passeio. Eles deveriam ter investigado. Estamos no meio de um crime, de uma tragédia”, disse Gabriela ao Metrópoles.

Idas e vindas

Vendedora de shopping, Mariana começou a se sentir mal na sexta-feira (20/5) e decidiu procurar atendimento médico no Hospital Adão Pereira Nunes. Por lá, segundo relato dos parentes, os médicos classificaram as dores como normais e receitaram um remédio para cólicas e dores abdominais, além de indicarem repouso à paciente.

Como as dores persistiram, ela retornou à unidade por volta das 22hs e acabou recebendo medicação na veia. Ao questionar a possibilidade de realizar uma ultrassonografia, para confirmar como estava o bebê, ela foi informada que o exame só poderia ser feito na segunda-feira (23/5).

No dia seguinte, sábado (21/5), ela foi em busca de outra opinião médica. Seguiu até a maternidade de Santa Cruz da Serra, em Caxias, onde realizou exames de sangue e urina. O resultado revelou uma infecção urinária.

Na maternidade, de acordo com o relato da família, Mariana foi orientada a voltar ao hospital Adão Pereira Nunes para ser atendida como paciente de alto risco.

No domingo (22/5), ela retornou mais uma vez ao hospital. Naquele momento, ela reclamava de falta de ar, dor na lombar e cólicas. Foi orientada por uma médica da unidade a tomar um antibiótico, além de seguir com o remédio para cólicas e dores abdominais. Acabou liberada e voltou para casa.

Dores fortes

Em sua quinta visita a uma unidade de saúde, na segunda-feira (23/5), ele já sentia dores mais severas. No atendimento, o médico teria dito que, para uma grávida de sete meses, o desconforto apresentado era normal.

Mariana voltou para casa. E, naquele mesmo dia, por volta da meia-noite, retornou ao hospital com febre, fortes dores, falta de ar e contração na barriga. Foi então que decidiram interná-la.

Por volta das 10 horas da manhã da terça-feira (24/5), a família tomou conhecimento sobre a internação de Mariana no CTI, o Centro de Terapia Intensivo do hospital.

“Soubemos então que ela havia sido intubada em estado muito grave. Disseram que a situação do bebê também era crítica”, disse a prima Gabriela Mota.

Mortes de mãe e filha

O bebê morreu por volta das 13h e, segundo a família, os médicos optaram por esperar o melhor momento para fazer a retirada. Dez horas depois, por volta das 23 horas, Mariana morreu em decorrência de infecções generalizadas pelo corpo.

Mariana foi enterrada com a filha, que se chamaria Catarina, em seu ventre.

Gabriela relata que, após a confirmação das mortes, foi abordada por dois funcionários do hospital público. Um deles, segundo a versão da prima da vítima, teria dito que houve negligência por parte da equipe responsável pelo atendimento. O funcionário teria reconhecido que Mariana acabou sendo internada quando já era tarde demais.

Mariana era casada e tinha uma filha de 5 anos.

“Ela foi vítima de violência obstétrica. Peregrinou até conseguir atendimento. As dores dela foram ignoradas o tempo inteiro. A negligência foi consequência disso tudo”, disse Luana Santana, advogada da família.

Artigo anteriorPerícia encontra faca em carro de ex-assessor de Gabriel Monteiro
Próximo artigoOs desafios do Cardeal Leonardo Steiner