O governador do Acre, Gladson Cameli (PP), afirmou em entrevista que a situação no estado chegou “no limite” e vai acionar forças locais para fechar as fronteiras internacionais e divisas nacionais. O Acre faz fronteira com Peru e Bolívia e é vizinho do Amazonas e de Rondônia, estados que estão com a rede hospitalar colapsada em decorrência da Covid-19.

“Nós estamos no limite, e eu vou fechar tudo. Se o governo federal até agora não me deu uma resposta oficialmente, eu acionei as nossas forças para tomar providências, porque eu não vou colocar vidas em risco”, disse ele, citando o Grupo Especial de Fronteira (Gefron). O órgão foi criado no começo da gestão de Cameli e atua em conjunto com o Exército no combate de crimes de fronteira.

Na terça-feira (26/1), Cameli conversou com o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, para tratar do pedido de fechamento das fronteiras internacionais. Segundo ele, o chanceler ainda não deu um posicionamento à demanda, mas ele alega que vai iniciar as providências que lhe cabem.

“O que eu não quero é que depois aconteça o pior por causa de a gente não ter tomado providência. Eu estou me antecipando”, defendeu na noite de quarta-feira (27/1).

O governador admite que, sozinhos, estado e municípios não têm condições de atuar no controle das fronteiras e afirma que é necessária atuação das Forças Armadas e clama pelo envio de reforços.

“Eu cheguei no meu limite. Estou com 95% das UTIs lotadas. Sozinho o estado não tem condições”, disse ele.

O Acre possui mais de 2.000 km de fronteira com o Peru e mais de 600 km com a Bolívia. Em nível nacional, o estado faz divisa com Rondônia e Amazonas, que recentemente iniciaram transferências de pacientes para outras regiões do país.

O governo do Acre disponibilizou 10 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para receber pacientes do Amazonas, mas alega que agora não tem mais condições de auxiliar os vizinhos.

“Algumas aeronaves estão pousando no Acre sem citar que é transporte fora domicílio, e, quando chegam, estão solicitando que a Secretaria de Saúde mande pegar os pacientes. Quando vai ver, está com problema de Covid. É situação humanitária, precisa ajudar, só que eu cheguei no meu limite”, pontuou Cameli.

Até quarta-feira (27/1), o estado havia registrado 47,1 mil casos de Covid-19 e 858 óbitos pela doença. As informações são do Conselho Nacional de Secretaria de Saúde (Conass). A população do Acre é de pouco mais de 894 mil habitantes, segundo estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de agosto de 2020.

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