Foto: Mohammed ABED / AFP

Mais de 10 crianças, em média, têm perdido uma ou ambas as pernas todos os dias na Faixa de Gaza desde 7 de outubro, quando o último conflito entre Israel e Hamas teve início, e muitas dessas amputações são realizadas sem anestesia. É o que afirmou a organização Save the Children no domingo, ressaltando a grave crise humanitária no enclave após mais de três meses de bombardeios israelenses.

Em comunicado, o diretor da instituição, Jason Lee, afirmou que “o sofrimento das crianças neste conflito é inimaginável, e ainda mais porque é desnecessário e completamente evitável”. Lee disse, ainda, que “o assassinato e a mutilação de crianças são condenados como uma grave violação contra elas, e os perpetradores devem ser responsabilizados”.

De acordo com a Unicef, desde 7 de outubro, mais de mil crianças tiveram uma ou ambas as pernas amputadas. As operações ocorrem enquanto o sistema de saúde de Gaza está paralisado pelo conflito, com escassez de médicos, enfermeiros e materiais hospitalares, como anestésicos e antibióticos, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Lee relatou ter visto “médicos e enfermeiras sobrecarregados” quando crianças eram trazidas com ferimentos de explosão.

“O impacto de ver crianças com tanta dor e não ter equipamentos, medicamentos para tratá-las ou aliviar a dor é demais até mesmo para profissionais experientes”, escreveu ele, explicando que, nesse cenário, as crianças têm mais probabilidade de morrer do que os adultos, considerando que são mais vulneráveis e sensíveis aos ferimentos. “Seus crânios ainda não estão totalmente formados, e seus músculos subdesenvolvidos oferecem menos proteção”, continuou.

As Forças de Defesa de Israel (IDF) afirmaram que não têm como alvos civis, e já disseram que o grupo terrorista utiliza os civis como “escudos humanos” contra os ataques israelenses. Ao todo, pelo menos 22,8 mil palestinos morreram, e 58,4 mil ficaram feridos no enclave desde o início da guerra, informou no domingo o Ministério da Saúde palestino, que é administrado pelo Hamas. Quase 90% dos mais de 2 milhões de habitantes de Gaza foram deslocados à força devido ao conflito, segundo a UNRWA, agência da ONU dedicada a ajudar refugiados.

A Unicef também alertou para o que chamou de uma tripla ameaça às crianças em Gaza: o perigo do conflito violento, a desnutrição e outras doenças. A organização afirmou que casos de diarreia em crianças menores de 5 anos, por exemplo, aumentaram cerca de 2.000% em comparação com antes da guerra. Isso é, disse, “um indicativo de que a saúde infantil na Faixa de Gaza está se deteriorando rapidamente”.

Além disso, a Unicef anunciou que 90% das crianças menores de 2 anos agora estão sujeitas a “grave pobreza alimentar”. “Quando combinados e não tratados, desnutrição e doença criam um ciclo mortal”, alertou a organização, acrescentando que famílias deslocadas enfrentam condições de higiene precárias sem acesso à água potável ou encanamento.

Com informações de: O Globo 

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