Mulheres vítimas de violência doméstica geralmente estão vivendo relacionamentos tóxicos sem perceber, pois a violência psicológica é muito sutil e sempre camuflada em desculpas como: “te amo tanto, que não consigo controlar meu ciúme”, “te amo demais e não quero dividir sua atenção com mais ninguém, quero você só para mim”.

A vítima passa a dar desculpas para o comportamento do agressor: “ele fez isso porque me ama demais; ele tem ciúmes exagerado porque não consegue esconder o quanto gosta de mim etc.

A raíz deste problema reside no fato de vivemos em uma sociedade onde a autoestima das mulheres está constantemente sendo massacrada e colocada em prova.

Os padrões de beleza são inalcançáveis… Você precisa ser magra, cabelos impecáveis, unhas, maquiagem, roupa…

As tarefas domésticas continuam recaindo sobre os ombros das mulheres, mesmo que ela tenha um trabalho fora de casa. Mulheres vivem, dupla, tripla jornada de trabalho.

A mulher precisa cuidar dos filhos, cuidar da casa, cuidar do marido, cuidar do trabalho… Se não conseguir amamentar, é menos mãe, se voltar a trabalhar antes do fim da licença maternidade, é menos mãe…

Se o casamento não vai bem, a culpa é da mulher que não está “cuidando bem” do marido.

Meu Deus, quanta culpa, quanta cobrança.

Uma tormenta, um excesso de peso sobre o emocional e a autoestima das mulheres. Vivemos uma verdadeira escravidão cultural que por séculos de patriarcado determina o “comportamento ideal” das mulheres.

Como sobreviver nessa selva de cobranças?

A independência financeira é um fator muito importante para garantir um bom padrão de vida a uma mulher, mas, isoladamente, não a livra de se cobrar e de até mesmo sofrer um relacionamento tóxico se ela não tiver muita força para garantir sua boa autoestima e amor próprio.

A mulher vive essa constante luta pela autonomia financeira, pela busca da beleza, pela maternidade perfeita, pelo casamento perfeito, pelo sucesso profissional etc. E para alcançar isso tudo, essa mulher precisa saber se amar, se posicionar, se impor, se valorizar.

Parece fácil apontar o dedo e concluir que o amor próprio é a solução, que basta a mulher se amar em primeiro lugar antes de amar o outro etc… Na prática, não é tão simples assim.

O amor próprio nunca saiu de moda, mas a sociedade cada dia cobra mais qualidades para as mulheres serem Super mulheres, tornando-se cada vez mais difícil romper com todos os padrões que lhe são socialmente esperados e exigidos em todos os níveis e classes sociais.

Por isso, precisamos continuar dizendo às mulheres para regarem e fortalecerem o seu amor próprio sempre, mas precisamos olhar o nosso comportamento e refletir o quanto estamos exigindo socialmente das mulheres. Antes de cobrarmos TUDO das nossas mulheres, cobremos de nós mesmos uma mudança de comportamento com a finalidade de fortalecer as mulheres com mais compreensão, mais empatia, mais cuidado, mais parceria, menos julgamento e mais amor.

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