Adeilson Duque Fonseca, de 49 anos, conhecido como “Bacana”

O Ministério Público do Amazonas (MP-AM) ingressou com recurso contra a decisão judicial que revogou a prisão de Adeilson Duque Fonseca, de 49 anos, conhecido como “Bacana”, acusado de homicídio qualificado contra o cantor e compositor Paulo Onça. No pedido, a promotora de Justiça Clarissa Moraes Brito destaca a “extrema periculosidade” do réu e afirma que sua liberdade gera um “forte sentimento de impunidade e insegurança” na sociedade.

O recurso foi protocolado na última terça-feira (17), um dia após o juiz Fábio César Olintho de Souza, da 1ª Vara do Tribunal do Júri, conceder liberdade a Adeilson sob medidas cautelares, entre elas o uso de tornozeleira eletrônica e participação em um programa de ressocialização. Para o magistrado, não havia mais motivos legais para mantê-lo preso preventivamente.

Na manifestação, o MP contesta a decisão e argumenta que, pela gravidade dos fatos, a prisão é necessária para garantir a ordem pública. “No caso concreto, trata-se de um delito gravíssimo, de ampla repercussão, com impactos negativos e traumáticos na vida de muitas pessoas”, afirmou a promotora.

O crime

O caso que culminou na morte de Paulo Onça teve início em dezembro do ano passado, após um acidente de trânsito registrado por câmeras de segurança em Manaus. O vídeo mostra que o carro do sambista avançou um sinal vermelho e foi atingido pelo veículo de Adeilson, que desceu do automóvel e agrediu brutalmente o artista até deixá-lo inconsciente.

A Justiça decretou a prisão preventiva de Adeilson, que chegou a ser considerado foragido. Ele se entregou apenas na noite de 7 de dezembro, no 1º Distrito Integrado de Polícia. Após audiência de instrução realizada em 30 de maio, o comerciante passou a responder por homicídio qualificado, em substituição à acusação inicial de tentativa de homicídio.

A perda de Paulo Onça

Internado por mais de cinco meses em decorrência das agressões, o sambista Paulo Onça faleceu no dia 26 de maio deste ano, aos 63 anos. Figura marcante no samba amazonense e nacional, ele iniciou sua carreira aos 16 anos e ficou conhecido por sua atuação na Escola de Samba Vitória Régia, com o samba-enredo “Nem Verde e Nem Rosa”, vencedor do carnaval de 1990.

Compositor respeitado, teve músicas gravadas por nomes como Zeca Pagodinho, Jorge Aragão, Leci Brandão, Dudu Nobre, Arlindo Cruz e o grupo Exaltasamba. Era considerado um elo entre o samba de Manaus e o cenário nacional, tendo também feito parte da ala de compositores da Acadêmicos do Grande Rio.

Agora, caberá à segunda instância do Judiciário avaliar o recurso do Ministério Público e decidir se Adeilson Duque Fonseca deve retornar à prisão enquanto responde ao processo.

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