Foto: Domingos Peixoto/O Globo

A direção da Americanas revelou ter descoberto três novas fraudes no balanço da companhia no comunicado divulgado ao mercado nesta manhã, antes do depoimento do CEO, Leonardo Coelho Pereira, à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga a fraude na empresa.

Somadas à fraude principal, que omitiu do balanço o passivo com as operações conhecidas como risco sacado, hoje calculado em R$ 18,4 bilhões, as novas maquiagens contábeis encontradas pela investigação interna elevam o tamanho do rombo da Americanas a R$ 45,9 bilhões. E mais descobertas ainda podem surgir, já que a apuração ainda está em curso.

A principal manobra identificada agora tem a ver com os contratos de venda de propaganda cooperada, ou VPC – um instrumento comum no varejo, pelo qual a empresa vende aos fornecedores espaço nas lojas para a promoção dos produtos. O problema, no caso da Americanas, é que a diretoria contabilizou R$ 21,7 bilhões em contratos que nunca existiram.

Em todos os casos de fraude, o objetivo era criar uma contabilidade que permitisse à empresa movimentar dinheiro sem lastro real, falsificando os resultados para gerar lucro (e consequentemente, bônus para a diretoria).

Além do VPC, segundo o fato relevante, a antiga direção da americanas teria contratado financiamentos de R$ 2,2 bilhões em capital de giro que não teriam sido aprovados pelos sócios da empresa, que teriam sido “inadequadamente contabilizadas” na rubrica dos fornecedores – ou seja, como se estivessem pagando por produtos que futuramente gerariam receita.

Somadas, as omissões e falsificações relacionadas ao risco sacado, VPC, financiamentos para capital de giro e juros chegam a R$ 45,9 bilhões.

As investigações internas da Americanas vem ocorrendo desde janeiro, quando a primeira fraude, estimada em R$ 15 bilhões pelo então CEO Sérgio Rial, foi revelada. Mas até hoje essas novas modalidades de fraude com seus respectivos valores não eram conhecidas do público.

A empresa teve que divulgá-los nesta manhã porque seu CEO, Leonardo Coelho Pereira, fatalmente seria questionado a respeito do tamanho e da extensão da maquiagem contábil, e poderia ser punido pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) se surgisse de repente com todos esses números sem ter prestado um esclarecimento anterior ao mercado.

A expectativa na CPI é que Pereira agora esclareça em detalhes o que se descobriu no balanço da Americanas.

Com informações de: O Globo

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