Por Carlos Santiago

Os governadores Wilson Lima e Elder Barbalho são paraenses, políticos jovens, administram estados com gravíssimos problemas sociais, econômicos, ambientais e adoram interagir com o reality Big Brother Brasil, como ficou patente nos últimos dias.

Wilson Lima veio para o Amazonas em busca de oportunidades. Depois de passagens por programas de televisão e de rádio, conquistou dois mandatos de governador de um Estado assolado por problemas sociais, econômicos e ambientais.

Segundo o Atlas da Violência, o Amazonas é um dos Estados onde os homicídios e mortes violentas crescem. Facções criminosas agem nos presídios, nas áreas urbanas e nas fronteiras.

A qualidade da educação é refletida nas baixas pontuações dos estudantes no Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM e pela reduzida quantidade de matriculados no Sistema Educacional em tempo integral, muito aquém do Plano Nacional de Educação.

A pobreza cresceu no Amazonas. É o segundo lugar na região Amazônica, com maior porcentagem de 56,7% de  pessoas na pobreza, só perdendo para o Maranhão. Nos últimos dias, o governo até noticiou que já tinha servido 12 milhões de refeições para pessoas pobres. Um exemplo da pobreza do Amazonas!

Sem planejamento estatal, as estiagens e as enchentes dos rios, fenômenos naturais milenares, ainda causam mais pobreza e impactos negativos na economia e nas vidas dos habitantes.

Recentemente, o governo do Estado liberou o licenciamento para extração do minério de potássio, com uma previsão de arrecadação global de impostos de 25 bilhões de reais, para os próximos 23 anos, mas não divulgou os problemas econômicos e sociais que receberão investimentos por meio dos tributos arrecadados pelos governos estadual e municipal.

Helder Barbalho é filho de caciques políticos do Pará. Passou pela Câmara Municipal e pela prefeitura da cidade de Ananindeua, ocupou cargos de ministros de Estado até chegar ao governo do Estado.

O índice de violência é maior que a média nacional, sendo seis vítimas de assassinatos por dia somente em 2023. São 25 vítimas de assassinatos a cada 100 mil habitantes, enquanto o país possui 19.

A pobreza diminuiu nos últimos anos, mas representa absurdamente 49,1% da população. Cidades da Região Metropolitana de Belém estão cheias de pedintes nas ruas. Existem mais pessoas recebendo benefícios sociais do que com carteira assinada.

No último mês de outubro, o Pará alcançou o maior número de queimadas do país. Há inúmeros conflitos de terra envolvendo os povos tradicionais e os latifundiários. Os garimpeiros destroem matas e contaminam rios.

Assim como no Amazonas, a mobilidade urbana é precária e a destinação adequada do lixo nas cidades ainda não tem solução. E, também, não atingiu a meta do Plano Nacional de Educação sobre o número de alunos e de escolas em tempo integral.

Diante dos problemas do Amazonas e do Pará, nos últimos dias, Barbalho e Wilson resolveram apostar suas energias e o dinheiro público no final do BBB. Gravaram vídeos e anunciaram festas, caso uma das candidatas fosse para a final do reality, e ainda conclamaram o povo para participar de eventos futuros.

Talvez, eles estejam certos, a política pode ser, também, uma grande festa, especialmente em Estados, onde quase ninguém se mobiliza para melhorar a Educação, a Saúde e a Segurança Pública. Como diz o dito popular: o governante reflete a escolha do seu povo.

*Sociólogo, Cientista Político e Advogado

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