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Por Carlos Santiago
Depois de seis anos de mandato, o governador Wilson Lima (União Brasil) enfrenta dificuldade para fazer o seu sucessor, dentro do grupo político que caminha com ele até o momento. Embora Lima tenha apostado suas “fichas” em dois nomes, eles não prosperaram nas urnas e nem na simpatia popular. E isso fragiliza a liderança de Lima e o seu projeto de conquistar um mandato de Senador da República.
É de conhecimento público que o atual governador do Estado venceu a eleição de 2018 com uma votação histórica e com um resultado surpreendente: derrotou Amazonino Mendes, o maior líder político do Amazonas, desde a redemocratização do país. Parecia o início de um novo ciclo político, tendo como vice o defensor público Carlos Almeida e com o apoio do ex-deputado Luiz Castro que obteve uma votação expressiva.
Tanto Luiz Castro quanto Carlos Almeida eram identificados como substitutos naturais do governador Wilson Lima para comandar o Estado ou opções para disputar o cargo de prefeito de Manaus. Porém, a relação entre os três desandou. Luiz Castro saiu brigado do governo e Carlos Almeida afastou-se de Wilson Lima até o final do mandato de vice-governador.
Wilson Lima formou uma nova base de apoio político, envolvendo o atual presidente da Assembleia Legislativa, deputado Roberto Cidade e outros políticos, como o ex-presidente da Câmara Municipal de Manaus, Caio André. E para vencer o pleito de 2022, o governador fez aliança eleitoral com o prefeito David Almeida (Avante) e com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que na época era o presidente do Brasil.
Logo depois de sua reeleição, Wilson Lima emplacou os seus liderados para a presidência do parlamento estadual e da câmara de vereadores de Manaus. Roberto Cidade no controle da Aleam e Caio André na CMM. Rompeu com David Almeida e resolveu, em 2024, indicar Roberto Cidade para a prefeitura de Manaus, enquanto Caio André foi para reeleição.
Porém, os chefes do Poder Legislativo, novas apostas de lideranças do governador, foram derrotados nas urnas, deixando Wilson Lima fragilizado para indicar o sucessor de sua confiança. Isso também dificulta a conquista pelo governador de um mandato no Senado Federal, em 2026. Por outro lado, no campo da oposição, Omar Aziz, Eduardo Braga e David Almeida aparentam muita “sintonia”.
Talvez, um dos caminhos de Wilson Lima seja uma composição eleitoral com o vice-governador Tadeu de Souza (Avante) que envolveria o apoio do prefeito da capital, com o governador disputando cargo para o Senado Federal e com prestígio para emplacar o candidato a vice-governador da chapa.
Existem outros caminhos para governador que a política possibilita. Uma composição do grupo político do governador com o grupo do prefeito de Manaus e dos senadores Aziz e Braga não é descartada. Recentemente, parlamentares próximos do governo estadual posaram sorridentes ao lado de Braga e de Aziz. Isso pode ser entendido como um possível caminho ou uma demonstração de fragilidade política de Wilson Lima.
A única certeza está nos fatos: Wilson Lima não soube manter o grupo político de 2018 que venceu a eleição para o governo e depois apostou em nomes que não foram aprovados nas urnas, deixando-o fragilizado e sem nome, até o momento, de sua confiança para substituí-lo. Mas, deixo uma reflexão: é bom não subestimar o poder da máquina estadual e a caneta de um governador.
Sociólogo, Cientista Político e Advogado.