Na manhã desta quarta-feira (18), a Polícia Federal deflagrou a Operação Martellus, com o objetivo de desarticular uma associação criminosa voltada à compra de votos e outros crimes eleitorais cometidos durante o período eleitoral de 2024. Entre os presos estão o presidente da Câmara Municipal de Boa Vista, vereador Genilson Costa (Republicanos), e o subcomandante-geral da Polícia Militar de Roraima (PMRR), coronel Francisco Lisboa.
A operação cumpre 18 mandados de busca e apreensão e 14 mandados de prisão temporária, expedidos pela Justiça da 1ª Zona Eleitoral de Roraima. O inquérito aponta que o esquema de compra de votos teria movimentado ao menos R$ 1 milhão, com valores entre R$ 100 e R$ 150 sendo oferecidos a eleitores em troca de votos para um candidato que disputava a reeleição no município de Boa Vista.
As investigações revelaram que agentes públicos estariam envolvidos no esquema, incluindo um oficial da PM que teria informado o vereador sobre denúncias recebidas relacionadas à compra de votos. Além disso, o vereador Genilson Costa, que já foi investigado por diversos crimes anteriormente, seria o principal beneficiado, contando com patrocínio do tráfico de drogas para suas atividades parlamentares e para sua candidatura à presidência da Câmara.
Defesa dos acusados
O advogado Deusdedith Ferreira, que representa Genilson Costa e seus familiares, classificou a prisão como “arbitrária” e “injusta”. Ele afirmou que irá protocolar um pedido de habeas corpus ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RR) para liberar os detidos. Ferreira argumenta que as acusações são infundadas e que as penas previstas para os crimes eleitorais mencionados não justificam a prisão temporária.
“Não há fatos novos que sustentem essa prisão ou as buscas e apreensões. Se há algo a ser investigado, isso deve ser feito, mas sem a necessidade de prisão imediata”, declarou Ferreira.
Posicionamento da PMRR
A Polícia Militar de Roraima confirmou o cumprimento dos mandados envolvendo o coronel Francisco Lisboa, afirmando que acompanha o caso e reforça seu compromisso com a transparência e o respeito aos princípios constitucionais. “A PMRR reafirma seu compromisso com o cumprimento das leis, com os direitos e deveres estabelecidos, valores que norteiam a conduta de todos os seus integrantes”, declarou a corporação em nota oficial.
Crimes investigados
Os envolvidos podem ser indiciados pelos crimes de associação criminosa, corrupção eleitoral, falsidade ideológica eleitoral, transporte ilegal de eleitores, violação do sigilo do voto, violação de sigilo funcional, prevaricação e lavagem de dinheiro.
A PF destacou que a repressão aos crimes eleitorais é essencial para preservar a integridade do processo democrático, reforçando o compromisso da instituição com a transparência e a legalidade no estado de Roraima.