Olá Navegantes!
Outubro Rosa já é uma expressão familiar e que não deixa dúvidas: é o mês de conscientização sobre o câncer de mama. Muitas pessoas vestem a camisa dessa campanha (literalmente) inclusive eu, desde 2014. Em minha trajetória profissional já atendi mulheres em tratamento quimioterápico/radioterápico e notei que a saúde mental interferia diretamente na progressão ou regressão da doença. Mulheres que mantinham uma postura positiva e otimista apresentavam cicatrização mais rápida das lesões causadas pelo câncer.
Câncer é uma palavra que ninguém gosta de falar, muito menos de ouvir. Mas não devemos ter medo e nem tratar esse assunto como um tabu, pois a doença sim é silenciosa e nós não podemos nos silenciar diante de uma das maiores causas de morte em todo mundo. Se por um lado a incidência da doença é alta, por outro, a prevenção e a descoberta precoce pode ser decisiva para o prognóstico. E é sobre isso que quero conversar com vocês hoje.
Prevenção é a chave quando se fala em saúde. Saúde não se compra, se constrói com hábitos e estilo de vida saudáveis. Diante das várias formas de prevenção ao câncer de mama amplamente divulgadas, escolhi trazer aqui pra nossa conversa um aspecto que muitas vezes é ignorado pela população: o estresse. Sim o estresse é um grande vilão na sociedade e o mais preocupante: as pessoas se acostumaram a viver num estado de estresse contínuo e não se dão mais conta de suas consequências diretas sobre a saúde. As pessoas cada vez mais se encontram amortizadas por uma rotina estressante.
Segundo o mastologista e ginecologista Dr. Silvio Bromberg o estresse crônico pode levar a uma série de doenças, como depressão, ansiedade, alergias, baixa imunidade e até ao câncer de mama. Pesquisadores da Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, fizeram uma pesquisa para achar a relação do estresse com o câncer de mama. Eles avaliaram 989 mulheres com câncer de mama. Por meio de questionários para avaliar o nível de estresse das pacientes, os pesquisadores descobriram que aquelas que estavam mais estressadas, tinham 38% mais risco de apresentar a forma mais agressiva do câncer de mama, que não costuma responder às terapias mais comumente utilizadas para tratar a doença.
Outro estudo sueco mostrou que as mulheres estressadas têm um risco duas vezes maior de desenvolver um câncer de mama quando comparadas às mulheres que não apresentam níveis altos de estresse. A pesquisa mostrou que preocupações com o trabalho e a família geram tensão, medo, ansiedade e distúrbios do sono, o que aumenta consideravelmente a chance de desenvolver o estresse de forma crônica.
O organismo de uma pessoa cronicamente estressada libera altas doses de um hormônio chamado cortisol, que em excesso enfraquece o sistema imunológico, causa a morte de neurônios, leva à retenção de líquidos, ao acúmulo de gordura e aumenta o apetite.
O estresse também interfere no mecanismo de reparo do DNA e no controle da proliferação celular, o que está diretamente ligado ao processo do câncer. Por fim, níveis elevados de cortisol e adrenalina, liberados quando estamos estressados, podem afetar o metabolismo de medicamentos e a resposta do corpo aos tratamentos utilizados para o câncer de mama.
Cuidados em saúde mental fazem parte da prevenção ao câncer de mama e também são essenciais para quem está em tratamento, inclusive os hospitais de referência disponibilizam acompanhamento psicológico para os pacientes durante esse período. Não hesite em procurar um profissional de psicologia se você tem levado uma vida estressante. Previna-se e não permita que seu corpo se torne um ambiente favorável para o surgimento de doenças como o câncer!
Faça parte dessa campanha!
Syrsjane N. Cordeiro
Psicóloga pelo UNASP – SP, Especialista em Saúde Mental. Já atuou como psicóloga na prevenção e promoção de saúde na atenção básica (NASF); na prevenção e promoção de saúde indígena no Alto Rio Solimões (SESAI); atuou também na área da assistência social, no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), no Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) e no Serviço de Atenção Domiciliar (SAD) SUS – Programa Melhor em Casa.