Policiais civis que prenderam domingo (18), o padre Paulo Araújo da Silva, 31, numa ação de combate em Coari (a 363 quilômetros de Manaus) apreenderam mais de 260 mídias de sexo explícito do sacerdote com quatro vítimas, segundo delegado José Barradas, titular da Delegacia Interativa de Políicia do município. O religioso estava sendo investigado pela prática dos crimes de filmar e produzir cenas de sexo explícito com adolescente, exploração sexual, aborto e ameaça.
Durante coletiva de imprensa na manhã desta segunda-feira (19), a polícia informou que as investigações iniciaram após o envio de vídeos por denúncia anônima, relatando sobre os crimes de estupro de vulnerável, em especial o de uma jovem de 17 anos.
“Desde os 14 anos ela era violentada pelo padre. Dessa relação, no ano passado, ela acabou engravidando e ele (padre Paulo) a obrigou a tomar um medicamento abortivo, o que é outro crime. Teve a participação do Francisco Reiner, amigo do padre, que conseguiu e levou remédio para que a jovem tomasse, ele está sendo procurado”, acrescentou o delegado.
As investigações iniciaram em setembro de 2023, após denúncias anônimas, recebidas pelo Disque 100, dos Direitos Humanos, sendo identificado que uma adolescente, de 17 anos, estava sofrendo vários tipos de crimes, envolvendo estupro, gravação de vídeos sexuais, aborto, ameaça e violência doméstica.
Conforme o delegado as investigações tiveram início após denúncias anônimas e foi identificado que a adolescente estava sofrendo diversos tipos de crimes. Quando ela foi levada à delegacia para prestar depoimento, relatou que, desde os 14 anos, mantinha relações sexuais com o padre, e que chegou a engravidar dele. O padre a obrigou a abortar.
“Nesse contexto, entra a participação de Francisco Rayner Barros Batista, de 34 anos, que está foragido. Ele é amigo do infrator e foi o responsável por fornecer à adolescente um medicamento chamado Misoprostol, que ela ingeriu e resultou no aborto. O feto foi expelido no quintal da casa de Francisco Rayner e enterrado no local. Isso foi confirmado tanto por fotos quanto pelo depoimento da vítima”, explicou o delegado.
Segundo Barradas, a adolescente também estava sofrendo muita violência psicológica, tendo em vista que o padre obrigava ela a manter relações sexuais com ele e fazia constantes ameaças caso ela não continuasse, dizendo que “iria acabar com a vida dela, pois ela era sua e de mais ninguém”. Com base nos elementos colhidos, foi representada à Justiça pelo mandado de busca e apreensão e preventiva dos envolvidos.
Prisão
Durante a prisão do padre na paróquia, os investigadores encontraram ele na cama com uma jovem que tinha acabado de completar 18 anos, o que significa que ele mantinha relações com essa jovem desde quando era menor de idade.
“Foram apreendidos mais de R$ 30 mil em espécie no quarto dele, além de mais de 260 vídeos de cenas de sexo com adolescentes e com outras pessoas. Todo o material vai ser analisado pela perícia, juntamente com o notebook dele”, relatou o delegado.
A autoridade policial destacou que as investigações continuarão, pois pode haver outras pessoas envolvidas. No depoimento das testemunhas, foi mencionado que o padre aliciava outras pessoas. Além de manter relações com essa vítima, ele pedia para que ela trouxesse outras amigas, para que todos tivessem relações sexuais em conjunto
Diante de todos esses elementos, os alvos investigados irão responder pelos crimes previstos no Art. 240 da Lei 8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente), que trata da omissão de assistência a crianças e adolescentes, com penas que variam de 6 meses a 3 anos de detenção, e Art. 218-B que trata do crime de estupro de vulnerável.
Além dos Art. 125 do Código Penal (CP), que trata do abortamento realizado por terceiro com pena de reclusão de 1 a 3 anos; e no Art. 147 que define o crime de ameaça combinado com a Lei Maria da Penha (Lei 11.340/06).
O infrator será encaminhado à audiência de custódia e ficará à disposição da Justiça.
Procurado
A PC-AM solicita a quem tiver informações sobre a localização do Francisco Rayner Barros Batista que entre em contato pelo número 181, disque-denúncia da Secretaria de Estado de Segurança Pública (SSP-AM). A identidade do denunciante será mantida em sigilo.