Foto: Ricardo Stuckert/PR

Mesmo mantendo a liderança nas simulações de primeiro turno para as eleições presidenciais de 2026, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já não sustenta a mesma vantagem em um eventual segundo turno contra adversários da direita. É o que aponta a nova pesquisa Datafolha divulgada neste sábado (14) pelo jornal Folha de S.Paulo.

Realizado entre os dias 10 e 11 de junho, o levantamento ouviu 2.004 eleitores em 136 municípios brasileiros e traz um cenário de estabilidade no desempenho de Lula no primeiro turno, com variações entre 36% e 38% das intenções de voto em cinco dos seis cenários testados. A margem de erro é de dois pontos percentuais.

Apesar disso, os dados revelam um enfraquecimento do petista nas simulações de segundo turno, especialmente em relação ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), inelegível até 2030. Em abril, Lula venceria Bolsonaro por 49% a 40%. Agora, o cenário é de empate técnico: 45% para o ex-presidente e 44% para o atual chefe do Executivo.

O desempenho de Lula no primeiro turno contrasta com sua avaliação de governo, também aferida pela pesquisa: apenas 28% dos entrevistados o consideram ótimo ou bom. A explicação está na fragmentação das candidaturas — com Lula dominando a esquerda e sem concorrência direta nesse campo.

A pesquisa testou ainda a hipótese de uma candidatura petista sem Lula, com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, substituindo o presidente. Nesse cenário, Haddad aparece com 23% e seria derrotado por Bolsonaro, que marca 37%.

Entre os nomes mais cotados da direita, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), é apontado como a aposta mais competitiva. Quando colocado frente a frente com Lula, o petista venceria por 37% a 21%. Contra Michelle Bolsonaro, a vantagem também é mantida: 37% a 26%. Já contra os filhos do ex-presidente, o presidente tem 38% contra 20% de Eduardo Bolsonaro e 38% contra 20% de Flávio Bolsonaro.

No segundo turno, o quadro se mostra mais apertado. Tarcísio, por exemplo, reduziu a distância para Lula de nove para um ponto: o presidente agora venceria por 43% a 42%. Michelle Bolsonaro também se aproximou: em abril, Lula teria 50% contra 38% da ex-primeira-dama; agora, o petista registra 46% contra 42%.

Já nas simulações com os filhos de Bolsonaro, Lula ainda mantém vantagem mais confortável: 46% a 38% contra Eduardo e 47% a 38% contra Flávio. Em um embate entre Haddad e Bolsonaro, o ex-presidente levaria a melhor por 45% a 40%, invertendo o cenário de abril, quando o ministro tinha leve vantagem.

A pesquisa espontânea, em que os nomes dos candidatos não são apresentados, reforça a polarização: Bolsonaro é citado por 18% dos eleitores, contra 16% que mencionam Lula.

A rejeição também pesa no cenário: 46% dos entrevistados afirmam que não votariam de forma alguma em Lula, ante 43% que dizem o mesmo de Bolsonaro. Entre os filhos do ex-presidente, a rejeição é parecida: Eduardo (32%), Flávio (31%) e Michelle (30%). Haddad aparece com 29% de rejeição, seguido por Ratinho Jr. (19%), Romeu Zema (18%), Ronaldo Caiado (15%) e Tarcísio (15%).

O cenário traçado pela pesquisa confirma a predominância de Lula no campo da esquerda, mas também revela a resiliência da influência de Bolsonaro mesmo fora da disputa — o que mantém a direita dividida entre nomes competitivos e o peso do sobrenome Bolsonaro.

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