Fotos - Clóvis Miranda / Semcom

Em Manaus, um dos projetos voltados à inclusão é o “Reeducando para Incluir”, desenvolvido pela Prefeitura de Manaus , por meio da Secretaria Municipal de Educação (Semed). Voltado a crianças e adolescentes com Transtorno do Espectro Autista (TEA), com idades entre 6 e 16 anos, o programa atende 60 estudantes da rede municipal de ensino, além de suas famílias, oferecendo acompanhamento multidisciplinar que promove o desenvolvimento integral por meio de ações voltadas ao corpo, à mente e ao afeto.

O projeto é desenvolvido nos Centros Municipais de Educação Especial (CMEEs) Yumi Odani, localizado no conjunto Vila Amazonas, na zona Sul, e Delano Almeida, situado no bairro de Flores, na divisão entre as zonas Centro-Sul e Norte de Manaus.

O projeto atua em quatro frentes interligadas: psicomotricidade aquática, circuitos motores, acompanhamento psicológico individual e atendimento emocional às famílias. A proposta é estimular o desenvolvimento motor e cognitivo, além de reeducar comportamentos e garantir suporte emocional em todas as esferas da vida do estudante.

De acordo com a diretora dos CMEEs, Rosana Hortêncio, o atendimento começa com uma triagem cuidadosa. A partir disso, as crianças são encaminhadas para os projetos especializados.

“Esses projetos fazem parte dos serviços que a Secretaria disponibiliza para a Educação Especial. Temos também salas de recursos multifuncionais, que atuam junto às escolas regulares”, afirma a diretora.

O foco, segundo Rosana, é garantir que cada aluno tenha acesso às ferramentas que precisa para se desenvolver com autonomia e dignidade.

Acompanhamento com intencionalidade

O atendimento é estruturado em sessões de 40 minutos, duas vezes por semana. O período inicial de permanência é de seis meses letivos, podendo ser prorrogado conforme os avanços apresentados pela equipe.

As famílias também recebem atenção especial. O suporte psicológico às mães, pais ou responsáveis contribui para o fortalecimento dos vínculos afetivos e para um ambiente doméstico mais acolhedor e harmonioso.

Esse cuidado faz toda a diferença na vida de Fernanda Corrêa, mãe de Deivid, de 9 anos, e Meghan, de 6. Ela conta que, antes do projeto, enfrentou muitas dificuldades para sair de casa com os filhos.

“Foi aqui que eu consegui o suporte que meus dois filhos com TEA primeirom. Eles evoluíram muito. O maiorzinho melhorou cerca de 80%, e a menorzinha, uns 60%”, relata Fernanda.

Ela lembra que não conseguia sequer entrar em um carro com os filhos. Hoje, já é possível levá-los ao supermercado e realizar tarefas diárias. “A menor já sabe ler, está aprendendo a escrever. E o comportamento dos dois melhorou demais”, completa.

Mudança no Cotidiano

Na linha de frente do atendimento, uma equipe multidisciplinar acompanha de perto o progresso dos alunos. Cada criança recebe um plano de atendimento personalizado, adaptado às suas necessidades e às observações feitas pela equipe e pelas famílias.

A fisioterapeuta Maria Marques explica que o foco está em ajudar as crianças a desenvolverem comportamentos que favoreçam a permanência e a participação na sala de aula.

“Trabalhamos com crianças com TEA em diferentes níveis. Muitas vezes chegam dificuldades de socialização ou não conseguem aceitar comandos simples. Nosso trabalho é ajudar essas crianças a se sentirem seguras para interagir e aprender”, afirma o profissional.

Segundo ela, os resultados são coletados ao longo do tempo, e os relatos positivos dos pais têm sido frequentes. “Cada criança é única. Por isso, planejamos com base na maior dificuldade que observamos e nos retornos que as famílias nos dão. A interação entre equipe e responsáveis é excelente. É gratificante ver o progresso de cada uma”, conclui.

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