
Raimundo Nonato Pereira, carinhosamente conhecido como “Nonatinho”, faleceu nesta terça-feira (3), aos 89 anos, em Manaus. Com mais de cinco décadas de dedicação ao Teatro Amazonas, ele era o servidor mais antigo da instituição e uma referência viva da cultura amazonense.
Contratado em 1973 pela então Fundação Cultural do Amazonas, Nonatinho exerceu diversas funções ao longo dos anos: começou como pedreiro e passou por cargos como porteiro, bilheteiro, assistente técnico, agente administrativo e cenotécnico. Sua trajetória foi inteiramente ligada ao Teatro Amazonas, onde acompanhou de perto momentos históricos e grandes transformações.
Em nota oficial, o Governo do Estado lamentou a perda e destacou sua contribuição inestimável à cultura local:
“Agradecemos imensamente a Raimundo Nonato, que já faz parte da história da Cultura do Amazonas, e nos solidarizamos com familiares e amigos neste momento de dor.”
O velório será realizado no Teatro Amazonas, a partir das 10h30 desta terça-feira (03/06) até às 10h de quarta-feira (04/06). O sepultamento ocorrerá no Cemitério Recanto da Paz, no município de Iranduba.
Uma vida dedicada ao Teatro
Filho de um ajudante de pedreiro e de uma lavadeira, Nonatinho ingressou no Teatro Amazonas para trabalhar na manutenção do prédio histórico, especialmente na cúpula, colocando telhas e restaurando estruturas. “O primeiro serviço que fiz foi na cúpula. Um tempo depois, assinaram minha carteira pelo Estado”, contou em entrevista anterior.

Além dos serviços técnicos, sempre foi lembrado pela disposição, gentileza e memória afiada. Ajudou diversas gerações de servidores, orientando com detalhes sobre o funcionamento e a história do teatro.
Entre suas memórias mais marcantes, destacou três episódios: a colocação de uma pedra de mármore na qual foi reconhecido pelo patrão; a recepção ao então presidente João Figueiredo na década de 1980; e a visita do hoje rei Charles III, ainda príncipe, que surpreendeu a todos ao cantar e abraçar as funcionárias da limpeza. “Fiquei muito alegre com aquilo”, relembrou emocionado.
Patrimônio vivo
“Nonatinho” tornou-se um verdadeiro patrimônio afetivo do Teatro Amazonas. Era procurado por colegas e visitantes que buscavam entender detalhes da estrutura e da história do local.
Daniel Mafra, colega de trabalho, resume bem seu legado:
“Nonatinho é sinônimo de afeto, felicidade e memória. Ele é nosso patrimônio vivo, alguém que fala do passado com amor. Essa paixão vai se perpetuando de geração em geração.”
Raimundo Nonato Pereira deixa um legado de trabalho, dedicação e amor à cultura amazonense, eternamente ligado à história do Teatro Amazonas.