Os candidatos à Presidência da República receberão o relatório que aponta soluções para os gargalos de logística do Brasil. O documento foi elaborado após a audiência pública que discutiu o assunto, na Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio (CDEIC), da Câmara dos Deputados, em Brasília, sob coordenação da deputada federal Rebecca Garcia (PP/AM).

“Esse cenário de falta de logística precisa ser mudado urgentemente e para isso nós precisamos sensibilizar os nossos presidenciáveis, porque vai estar na mão deles a decisão política, ou do próximo governo, quem vai tomar a decisão de investir ou não no desenvolvimento econômico do País”, afirmou a parlamentar amazonense que é membro da CDEIC.

No relatório que será entregue aos presidenciáveis há propostas como a união da iniciativa privada e os órgãos federais e estaduais, que terá o objetivo de acelerar a criação da infraestrutura necessária para tornar o Brasil mais competitivo, tanto no mercado nacional como no internacional.

Outra proposta defendida é a necessidade de integração dos diferentes modais de transporte do Brasil (ferroviário, rodoviário, hidroviário, aeroviário, dutoviário e o infoviário). Inclusive, essa proposta faz parte do Plano Brasil de Infraestrutura Logística (PBlog), ampla pesquisa nacional que é um importante instrumento de análise e soluções sobre o tema.

Rebecca Garcia defende, neste relatório, mudanças urgentes no sistema logístico do Brasil e enfatizou a questão da Zona Franca de Manaus (ZFM), que é bastante prejudicada em relação à competitividade comercial com os outros mercados.

“Um produto fabricado na Zona Franca (de Manaus), ou produzido na China ou nos Estados Unidos, tem mais ou menos a mesma qualidade, entretanto, a logística da Amazônia gera um impacto no valor do preço final. Ao receber o relatório, elaborado após a audiência pública, os presidenciáveis terão uma outra visão de como solucionar os problemas de logística do nosso país, em especial da Zona Franca”, afirmou Rebecca.

O doutor em Logística da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e representante do Conselho Federal de Administração (CFA), Antônio Jorge Cunha Campos, que também é um dos responsáveis pelo estudo do Plano Brasil de Infraestrutura, alegou que a conexão dos modais de transporte garantirá mais competitividade ao país, no mercado exportador. Para isso, segundo ele, o Brasil precisa fazer uma série de investimentos como a construção de satélites, que possam permitir ao país uma confiabilidade no trânsito de dados eletrônicos.

O analista de política e indústria da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Matheus Braga, declarou que, apesar do aumento de investimentos no setor, nos últimos anos, o Brasil precisaria de 5% doPIBpara a área de infraestrutura logística ganhar o reforço que necessita.

Já o diretor da Macrologística Ltda., Luiz Fernando Ferreira, afirmou que, para superar os gargalos em infraestrutura, o país precisaria de mais de R$ 300 bilhões de investimentos. “Se todos esses investimentos fossem feitos, teríamos uma economia potencial de cerca de R$ 22 bilhões, por ano, nos custos da cadeia produtiva”, disse Ferreira.

Mais sobre a audiência

Uma segunda versão do Plano Brasil de Infraestrutura Logística foi anunciada durante o debate, onde será apresentado um detalhamento das questões ambientais e dos impactos econômicos e sociais, com a efetivação desses projetos sugeridos anteriormente.

Nesse sentido, o presidente do Instituto Aimberê Freitas, professor Aimberê Freitas, defendeu a abertura de estradas para facilitar o acesso a países vizinhos, a implantação de canais multimodais e a criação de novas rotas de exportação.

Ele defende a construção de uma ferrovia com 1.308 quilômetros de extensão que ligará Manaus a Boa Vista e, de lá, para Georgetown, na Guiana, costa do Oceano Atlântico. Segundo ele, essa ação aumentará a competitividade e as oportunidades de negócios para o Brasil. “É preciso que o PBlog tenha uma segunda versão para que essas oportunidades caribenhas sejam analisadas. Imagina só a farinha de mandioca vem de Gana, na África, e chega no Caribe; e a nossa não chega, fica retida sem poder sair do país”, argumentou o professor.

O Plano Brasil de Infraestrutura Logística completo está disponível no site do Conselho Federal de Administração ou no site do Conselho Regional de Administração do Amazonas.

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