Foto: Guilherme Leporace

Adicionar sabor de menta aos líquidos do cigarro eletrônico gera um número maior de micropartículas tóxicas e está associado à piora da função pulmonar dos usuários. A conclusão é de um estudo da Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos, publicado recentemente na revista científica Respiratory Research.

Muitas pessoas, especialmente os jovens, assumem erroneamente que o vaping é seguro, mas mesmo as misturas de vaping sem nicotina contêm muitos compostos que podem potencialmente danificar os pulmões. Só porque algo é seguro para consumir como alimento não significa que seja seguro para inalar”, disse Kambez H. Benam, o autor sênior do estudo e professor associado da Universidade de Pittsburgh School of Medicine.

No estudo, os pesquisadores usaram um sistema robótico que imita a mecânica da respiração humana e o comportamento do vaping. Ao imitar com precisão a temperatura, a umidade, o volume e a duração da tragada, esta máquina pode simular o padrão de respiração saudável e doente e prever com segurança a toxicidade pulmonar relacionada aos cigarros eletrônicos.

O sistema pode medir o tamanho e o número de partículas aerossolizadas geradas e como esses parâmetros variam dependendo da composição do líquido. Os efeitos dos aerossóis podem então ser testados em dispositivos “pulmão-em-chip” projetados e produzir rapidamente dados de alta qualidade que podem ser usados ​​para inferir toxicidade potencial.

Os resultados mostraram que os líquidos de cigarros eletrônicos disponíveis comercialmente contendo mentol geram mais vapor e um número maior de micropartículas tóxicas em comparação com composto sem mentol.

Uma análise concomitante de registros de fumantes de cigarros eletrônicos revelou que aqueles que usavam essências mentoladas respiravam mais superficialmente e tinham uma função pulmonar pior do que aqueles que optavam por sabores não mentolados. A associação se manteve mesmo após serem incluídos fatores como idade, sexo, raça, maços de cigarros, uso de nicotina ou essências contendo cannabis.

Em sua pesquisa anterior, Benam e sua equipe descobriram que o acetato de vitamina E, um aditivo comum em líquidos de cigarros eletrônicos contendo canabinoides, gera pequenas partículas mais tóxicas que podem viajar profundamente dentro do pulmão e se prender nas vias aéreas mais estreitas e no revestimento do paredes da traqueia e brônquios.

Embora sejam necessários estudos clínicos em larga escala sejam necessários, o novo trabalho sugere que os aditivos de mentol podem ser tão perigosos quanto o acetato de vitamina E, que foi fortemente associado a lesões pulmonares em usuários de cigarros eletrônicos e vapes.

“A principal mensagem que queremos transmitir é para as pessoas, especialmente os jovens adultos, que nunca fumaram antes. Mudar para cigarros eletrônicos pode ser uma alternativa melhor e mais segura para quem está tentando parar de fumar produtos comuns de tabaco. Mas é importante ter pleno conhecimento dos riscos e benefícios dos cigarros eletrônicos antes de experimentá-los”, alertou o pesquisador.

Os sabores mentolados de produtos com tabaco são particularmente apelativos para o público jovem. Por isso, a FDA, agência que regula medicamentos e alimentos nos Estados Unidos, está pressionando os fabricantes de produtos com tabaco, como cigarros comuns, charutos e essências de narguilé, a eliminar o mentol. Mas o mercado de produtos de vape continua a se expandir, sendo que as essências de menta e mentol permanecem altamente populares entre os 2,5 milhões de jovens que relataram esse tipo de dispositivo em 2022.

Com informações de: O Globo

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