Servidores da Maternidade Alvorada receberam, na última quinta-feira (06/02), orientações sobre atendimento humanizado às gestantes venezuelanas refugiadas em Manaus. O encontro, promovido pela Secretaria de Estado de Saúde (Susam) e entidades da Organização das Nações Unidas (ONU), tem como objetivo conscientizar os profissionais sobre o acolhimento adequado e de qualidade aos refugiados no Sistema Único de Saúde (SUS).

Além da Maternidade Alvorada, profissionais de todas as outras maternidades da rede estadual e a da Policlínica Gilberto Mestrinho devem receber, até abril, a qualificação.

De acordo com a psicóloga do Núcleo de Projetos Estratégicos – Apoio à Saúde da Criança e Mulher, Katherine Benevides, essa é a primeira de um ciclo de palestras que irá discutir a qualidade no atendimento de imigrantes e refugiados, com foco nas mulheres venezuelanas que procuram as maternidades do estado.

“Estamos trabalhando juntos com as organizações da sociedade civil e os órgãos da ONU para que consigamos ter um olhar diferenciado no sentido de garantir as especificidades desses grupos que vêm de uma situação de extrema vulnerabilidade. Precisamos respeitar a identidade deles e entender esse momento que estão passando”, disse Katherine.

Em 2019, foram registrados nas maternidades do estado, 854 nascimentos de crianças filhos de mães venezuelanas. Diante do crescente do número de partos de refugiados, a Susam e os demais órgãos criaram uma frente de atuação para atender essas mulheres.

“Por isso, estamos fazendo esse conjunto de capacitações e informações, porque estamos trabalhando com a questão da proteção, temos que proteger essas mulheres e essas crianças, trabalhando inclusive a questão da língua, porque muitas não conseguem entender como devem tomar a medicação, quais os cuidados que ela deve ter para não abandonar os tratamentos, no pós-parto”, completou Katherine.

Palestra – O encontro iniciou com uma palestra sobre acolhimento e humanização, ministrada pela assistente social e coordenadora do Núcleo Estadual de Humanização da Susam, Ana Karla Pimenta, que destacou a importância do atendimento de qualidade, baseado no apoio ao paciente sem preconceitos.

“É preciso que o profissional de saúde esteja preparado para acolher essas mulheres refugiadas, que estão em uma situação de vulnerabilidade e não falam ou não compreendem bem o nosso idioma, para que elas se sintam amparadas nesse momento do parto”, afirmou Ana Karla.

Entidades – Participaram do encontro o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), a Associação dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-AM) e Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).

A assistente sênior de proteção da Acnur, Juliana Serra, apresentou para os servidores como funciona a proteção nacional de refugiados e a situação dos venezuelanos no Brasil.

Durante a apresentação, a assistente exibiu os números de refugiados venezuelanos abrigados nos países da América do Sul, incluindo o Brasil, e destacou a atuação do órgão junto às secretarias estaduais para garantir os direitos dos refugiados no estado.

Voltada para questões populacionais, o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) apresentou as ações desenvolvidas com os refugiados no Brasil e esclareceu dúvidas sobre o programa familiar e de combate à mortalidade materna em grupo de vulnerabilidade social, como a população venezuelana que vive no Amazonas.

Esclarecimentos de dúvidas – O direito ao registro de nascimentos das crianças que são filhas de mães venezuelanas foi outro tema abordado durante o encontro. A (Arpen-AM) e a Unicef participaram da ação para sanar as dúvidas dos profissionais de saúde sobre como orientar as mulheres que procuram a unidade para a realização do parto e reforçar a importância do direcionamento dos pais para emissão do registro.

A legislação brasileira garante a todas as crianças nascidas no País o direito ao documento e as mães devem deixar a maternidade com o registro de nascimento.

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