Vinícius Schmidt/Metrópoles

O Hospital do Coração (HCor), em São Paulo (SP), informou neste sábado (28/9) que a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) foi diagnosticada com “Síndrome da Taquicardia Postural Orstática”, condição condição associada à arritmia benigna. Além disso, a parlamentar apresenta um quadro de diverticulite aguda. Zambelli está internada desde quinta-feira (26/9).

Segundo o hospital, a diverticulite aguda da congressista é preexistente, não complicada, e está sendo tratada com antibióticos. O boletim médico também informa que Zambelli responde bem ao tratamento, está estável e deverá ter alta do hospital nos próximos dias.

A deputada deu entrada no HCor no mesmo dia em que deveria comparecer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para participar de um depoimento no processo em que é ré por suposta invasão do sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Na quinta, por meio de nota, Zambelli informou que não estaria presente, pois nos últimos dias havia feito testes de Looper a fim de diagnosticar uma arritmia, e naquela madrugada teve um mal-estar que a fez procurar o hospital.

O hacker Walter Delgatti é réu na mesma investigação. Eles também são suspeitos de falsidade ideológica.

Agora, a nova previsão é que Zambelli e Delgatti possam ser ouvidos na terça-feira (1º/10), já que os réus depõem depois das testemunhas.

Investigação

Carla Zambelli é investigada sob a suspeita de ser a responsável de comandar a invasão de sistemas usados pelo Judiciário com o intuito de adulterar informações oficiais. Enquanto Delgatti teria sido o responsável pela execução do crime, praticado entre agosto de 2022 e janeiro de 2023. Zambelli acompanhou em chamada de vídeo todos os depoimentos.

A deputada e o hacker teriam invadido seis sistemas do Poder Judiciário por 13 vezes e supostamente inserido nas plataformas 16 documentos falsos, incluindo um mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF, seguido pela ordem de quebra de sigilo bancário e bloqueio de bens do ministro do STF.

A denúncia da Procuradoria-Geral da República afirma que os dois queriam “adulterar dados, tudo no intuito de prejudicar a administração do Judiciário, da Justiça e da credibilidade das instituições e gerar, com isso, vantagens de ordem política para a denunciada” e propôs que Delgatti e Zambelli respondam por:

  • Invasão a dispositivo informático (art. 154-A do Código Penal): consiste em invadir dispositivo informático de uso alheio, conectado ou não à rede de computadores, com o fim de obter, adulterar ou destruir dados ou informações sem autorização expressa ou tácita do usuário do dispositivo ou de instalar vulnerabilidades para obter vantagem ilícita;
  • Falsidade ideológica (art. 299 do CP): consiste em inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante.

Já o Ministério Público relatou que, “entre agosto e novembro de 2022, Carla Zambelli, ciente de que Walter Delgatti possuía conhecimento técnico e meios necessários para tanto, o abordou com a proposta de invasão a sistemas de elevado interesse público, oferecendo, em retorno pelo serviço prestado, a contratação formal para prestação de serviços relacionados à sua atividade parlamentar”.

“Carla Zambelli, diante da informação apresentada por Walter Delgatti de que seria viável a invasão ao sistema utilizado pelo CNJ, determinou a concretização da prática delituosa, que haveria de incluir a emissão de mandado de prisão do ministro Alexandre de Moraes, como se ele mesmo estivesse determinando a própria prisão. A denunciada Carla Zambelli foi, ainda, responsável pela elaboração do texto a ser utilizado por Walter Delgatti na confecção do mandado fraudulento”, diz a denúncia do MP.

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