O tabagismo é uma das principais causas de mortes evitáveis em todo o mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Em 29 de agosto é celebrado anualmente o Dia Nacional de Combate ao Fumo, a fim de reforçar ações nacionais que sensibilizem a sociedade sobre os prejuízos que o tabaco acarreta, seja socialmente, economicamente, ambientalmente e, principalmente, à saúde das pessoas.

De acordo com o cirurgião de cabeça e pescoço do Hapvida Saúde, Tomás Garcia, explica que o tabagismo é uma doença crônica, que atinge milhões de pessoas ao redor do mundo e também é responsável por ocasionar diversas doenças, que vai desde o câncer de pulmão a doenças que atingem diversos órgãos. “Além do câncer o hábito de fumar pode causar diversas enfermidades, como por exemplo infarto agudo do miocárdio, enfisema pulmonar, trombose arterial e venosa, acidente vascular cerebral (AVC)”, explica o médico.

A OMS estima que 40% da população mundial adulta, isto é, 2,8 bilhões de pessoas sejam fumantes. De acordo com pesquisas e estimativas, o total de mortes devido ao uso do tabaco atingiu a cifra de 4,9 milhões de mortes anuais, o que corresponde a mais de 10 mil mortes por dia. Caso as atuais tendências de expansão desse consumo sejam mantidas, esses números aumentarão para 10 milhões de mortes anuais por volta do ano 2030, sendo metade delas em indivíduos em idade produtiva, entre 35 e 69 anos.

Alerta

De acordo com o especialista, o cigarro apresenta mais de 4000 substâncias tóxicas e destas 70 são cancerígenas, podendo ser responsável pelo desenvolvimento de diversas doenças, tais como câncer da cavidade oral, faringe e laringe, de mama, bexiga, estômago e esôfago

“O tabagismo associado ao alcoolismo representa o principal fator etiológico do câncer de cabeça e pescoço. Porém nos últimos 20 anos vem aumentando a incidência do câncer de boca e faringe associado à infecção pelo HPV (vírus do papiloma humano), o mesmo que causa o câncer de colo de útero nas mulheres”, afirma Tomás.

Estudos também comprovam que os fumantes apresentam um risco dez vezes maior de adoecer de câncer de pulmão, cinco vezes maior de sofrer infarto, bronquite crônica e enfisema pulmonar e duas vezes maior de sofrer derrame cerebral.

Outras doenças relacionadas ao tabagismo são hipertensão arterial, aneurismas arteriais, úlcera do aparelho digestivo, infecções respiratórias, trombose vascular, osteoporose, catarata, impotência sexual no homem, infertilidade na mulher, menopausa precoce, complicações na gravidez.

Reabilitação

Caso o usuário sinta vontade de parar de fumar, o cirurgião afirma que existem diversos recursos e especialistas que estão disponíveis em todos os sistemas de saúde para auxiliar nesse processo para vencer o vício.

“Existem profissionais que auxiliam o fumante a parar com o vício. Os psicólogos e cirurgiões torácicos são os principais. As medidas incluem psicoterapia, medicamentos antidepressivos, goma de mascar de nicotina e cigarro eletrônico”, garante Tomás.

Além disso, o médico destaca que se a pessoa para de fumar, é necessário exames clínicos diversos para avaliar o grau de dano causado em órgãos-alvo, como pulmão, coração e vasos sanguíneos.

Dentre os exames para diagnosticar as possíveis consequências das substâncias do cigarro presentes no organismo, estão a tomografia do tórax, ecocardiograma e Ultrassonografia Doppler de artérias e veias.

Estimativas

Segundo um estudo do Instituto Nacional de Câncer (Inca), a estimativa de mortalidade por ano no Brasil relacionado ao cigarro apresenta que em homens o câncer de boca foi responsável por 4.923 mortes, representando o 9º câncer em mortalidade; e nas mulheres o câncer de cabeça e pescoço representa menos de 4% dos casos de morte por câncer.

No Brasil, uma pesquisa divulgada em 2018 mostra que o hábito de fumar entre os brasileiros caiu cerca de 36%, na qual desde 2006 reduziu de 15,7% para 10,1% em 2017. A frequência do hábito de fumar foi maior entre os adultos com menor escolaridade (13,2%), e cai para 7,4% entre aqueles com 12 anos e mais de estudo.

“A incidência de tabagismo entre os jovens vem diminuindo, porém continua alta em adultos e idosos, principalmente pessoas que residem em cidades do interior do Estado”, pontua o médico.

No estado do Amazonas, de acordo com a Fundação de Vigilância em Saúde (FVS), baseado no Sistema de Informações de Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, em 2018 houve 315 óbitos em função do câncer de pulmão no Estado. Desse total, 202 óbitos ocorreram em homens e 113 em mulheres.

Sobre a data

O Dia Nacional de Combate ao Fumo foi criado através da Lei Federal nº 7.488, de 11 de junho de 1986, que tem como proposta alertar a população sobre os malefícios advindos do uso do fumo (cigarros, charutos, etc).

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