O governador de Nova York, Andrew Cuomo, disse nesta quarta-feira (3) que não renunciará após ser denunciado por assédio sexual por três mulheres, duas das quais trabalharam para ele. “Não vou renunciar”, declarou Cuomo em sua primeira entrevista coletiva após a revelação das acusações.

O governador democrata se desculpou por seu comportamento e pediu aos residentes do estado de Nova York “que esperem os fatos do relatório do procurador-geral antes de formar uma opinião” sobre o que aconteceu.

“Agi de uma forma que deixou as pessoas desconfortáveis”, mas “não foi intencional”, disse Cuomo, de 63 anos. “Eu me sinto péssimo com isso e, francamente, estou envergonhado”, afirmou à beira das lágrimas, com a voz trêmula.

“Nunca toquei em ninguém de forma inapropriada”, garantiu. “Eu certamente nunca, nunca tive a intenção de ofender ou machucar alguém ou causar dor a alguém.”

Cuomo se comprometeu a cooperar “totalmente” com a investigação independente conduzida pela procuradora-geral do estado, Letitia James. “Peço desculpas por qualquer dor que possa ter causado a alguém, nunca foi minha intenção e serei uma pessoa melhor com essa experiência”, disse ele.

Cuomo, que se tornou uma estrela nacional em 2020 por sua gestão da pandemia, caiu em desgraça nos últimos dias. A primeira a denunciar uma conduta inadequada do governador foi Linda Boylan, de 36 anos, que trabalhou para o seu governo de 2015 a 2018.

Boylan disse que Cuomo a beijou na boca sem sua permissão, sugeriu que jogassem pôquer enquanto se despiam progressivamente a cada derrota até ficarem nus, e se esforçava para tocá-la “na parte inferior das minhas costas, braços e pernas”.

Dias depois da denúncia de Boylan, outra ex-colaboradora, Charlotte Bennett, de 25 anos, disse ao New York Times que Cuomo a assediou no ano passado.

Bennett contou que o governador disse a ela em junho que estava aberto a um relacionamento com uma mulher com mais de 22 anos e que, em sua opinião, a diferença de idade em um casal não afetava a relação, de acordo com o Times.

Bennett afirmou que, embora Cuomo nunca tenha tentado tocá-la, “entendi que o governador queria dormir comigo e me senti terrivelmente desconfortável e assustada”.

Na segunda-feira, Anna Ruch, de 33 anos, que ao contrário das autoras das denúncias anteriores nunca trabalhou com ele, disse ao The New York Times que Cuomo a abordou em um casamento em 2019. Ele teria perguntado se poderia beijá-la, após ela empurrar a mão que ele havia colocado na parte inferior de suas costas.

“Fiquei muito confusa, chocada e envergonhada”, contou ela ao jornal. “Virei a cabeça e fiquei sem palavras.”

Vários analistas previram que ele faria parte do governo do presidente Joe Biden, mas agora muitos membros de seu partido estão pedindo sua renúncia.

Cuomo, já sob os holofotes por ter minimizado o número de mortes por coronavírus em lares de idosos no estado de Nova York, autorizou formalmente uma investigação na segunda-feira depois que duas ex-funcionárias o acusaram de condutas inapropriadas.

Políticos democratas e republicanos juntaram-se às mulheres e a organizações contra o abuso para pedir a renúncia do governador, cujo terceiro mandato termina no final de 2022. Em teoria, Cuomo pode concorrer a um quarto mandato.

“Se essas alegações forem verdadeiras, ele não pode governar”, disse nesta terça o prefeito de Nova York, Bill de Blasio, também democrata e rival de longa data de Cuomo. (afp)

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