O presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), diretório do Amazonas, Marcelo de Borborema Correia, entregou ao ex-governador Amazonino Mendes (Podemos) uma carta com reflexões e sugestões dos arquitetos e urbanistas para a cidade de Manaus.

Amazonino vem liderando as pesquisas de intenção de voto para à Prefeitura de Manaus. O partido realiza a convenção para escolha do candidato a prefeito nesta quarta-feira (16).

Correia explica que a intenção com a carta é contribuir na construção de uma cidade mais ordenada, mais moderna e justa. Amazonino recebeu os representantes do IAB em sua residência, onde tem conversado com lideranças comunitárias. Segundo Marcelo Correia, o ex-governador se mostrou sensível a todos os pontos apresentados para melhoria da cidade de Manaus e elogiou a iniciativa do IAB. “Ele fez uma análise de viabilidade de cada ponto apresentado, demonstrando muita sabedoria e experiência. Foi enriquecedor”, afirmou.

A carta do IAB será entregue a todos os candidatos a prefeito de Manaus. “As propostas são um início de diálogo. Somos uma entidade de classe e, como tal, estamos dispostos a contribuir, de forma permanente, com a sociedade”, reforçou.

O IAB tem cerca de 200 associados em Manaus e uma história importante, que completará, em 2021, 45 anos de luta pela qualidade da cidade e valorização da arquitetura. Já são 100 anos da entidade no Brasil.

Na carta apresentada a Amazonino, os arquitetos e urbanistas listam seis questões que consideram de fundamental importância para a cidade, fazem uma análise sobre cada uma e apresentam propostas para resolução dos problemas.

A primeira questão é sobre o adensamento urbano. Conforme analisam no documento, Manaus é uma cidade com uma área urbana enorme, mas baixa densidade de ocupação. “Onera muito para a administração pública manter quilômetros de asfalto e infraestrutura para um número desproporcional de pessoas. O investimento necessário tem um custo alto por habitante. O transporte público também é prejudicado nesta equação da baixa densidade, tornando inviável o investimento em modais de melhor qualidade”, explica Marcelo Correia. É preciso, na visão da entidade, diminuir o crescimento horizontal da cidade nas próximas décadas. “O adensamento significa aumentar os parâmetros de coeficiente de aproveitamento (CAMT) dos terrenos em corredores urbanos, eixos de atividades, alguns setores específicos e especialmente no centro histórico. Junto com o adensamento, é necessário o incentivo a edifícios de tipo ‘uso misto’ para que mais habitação, serviços e comércio possam ser oferecidos no mesmo endereço”, analisa.

É necessário criar uma classificação específica para isso, diz ele, no Plano Diretor e também implantar incentivos fiscais para que os exemplos de uso misto se multipliquem. “A combinação de adensamento urbano com uso misto em grandes eixos e grandes áreas qualificará a cidade caminhável e viabilizará a tão desejada redução de veículos, redução do impacto ambiental, melhorando a qualidade do ar, a sensação de segurança e a qualidade de vida”, relaciona o documento.

O segundo eixo tratado na carta é o Patrimônio Cultural. O IAB ressalta que o centro histórico permanece em boa parte degradado, com baixo investimento privado, baixíssima oferta de habitação, mas com aumento exponencial de moradores de rua e viciados e o risco de volta dos ambulantes. A proposta é fomentar a ocupação do local com edifícios públicos e com instalação de empresas de tecnologia, habitação ou serviços complementares. “É essencial a retomada de um plano geral de requalificação do centro histórico”, afirma.

A carta trata, ainda, da exploração sustentável dos recursos naturais em áreas urbanas e a questão da mobilidade urbana. “Atualmente, o transporte coletivo é ineficiente. Há várias áreas da cidade com carência na oferta de transportes. Normalmente, boa parte dos investimentos em mobilidade é para comprar ônibus novos, mas do mesmo tipo. Por outro lado, muitos são os investimentos em grandes obras viárias de passagens de nível que não melhoram substancialmente a mobilidade”, alertam os profissionais, propondo investimentos na criação de novos modais (BRT, ciclomobilidade, caminhabilidade e outros) e na intermodalidade entre eles.

Os dois últimos pontos da carta são a execução do Plano Diretor e a realização de concursos de projetos. “A prática de concursos de projetos é difundida há muitos anos no Brasil e através dela se produziram obras de grande identificação nacional. Algumas cidades como Brasília, Florianópolis, São Paulo, Rio de Janeiro e outras, investem nesta modalidade de licitação de forma a dar mais visibilidade e transparência”, conclui o documento.

A carta, conforme destaca Marcelo Borborema, é pioneira ao propor ao poder público planejar e incentivar a agricultura urbana em terrenos ociosos públicos e privados, em escolas, coberturas de edifícios e áreas de preservação, aumentando, assim, a oferta de empregos e diminuindo o custo de vida.

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