Partidos de oposição convocaram protestos nesta terça-feira, 23, na Geórgia, após a prisão de um de seus principais líderes. Nika Melia foi detido na sede de seu partido, durante uma operação policial que acabou com dezenas de apoiadores detidos.

Meliá é líder do principal partido de oposição do país, o Movimento Nacional Unido (MNU). Ele foi retirado da sede de sua legenda e está em detenção preventiva, de acordo com imagens do canal de televisão Mtavari. Centenas de policiais usaram gás lacrimogêneo contra simpatizantes e dirigentes de todos os partidos da oposição que estavam acampados diante do edifício desde a semana passada, com dezenas de opositores sendo detidos.

A operação policial foi mais um elemento da crise política em que a ex-república soviética está mergulhada desde outubro, agravada na semana passada quando o então primeiro-ministro, Giorgi Gakharia, renunciou ao cargo. Na quinta-feira, Gakharia afirmou que deixava a função por não concordar com a aplicação de uma decisão judicial para deter a Melia.

A operação policial provocou a revolta da oposição e uma advertência dos aliados ocidentais. Mamuka Khazaradze, líder do partido de oposição Lelo, convocou um “combate pacífico e incansável para defender a democracia georgiana”.

“A libertação dos presos políticos e eleições antecipadas representam a única saída possível para a crise”, declarou à imprensa. Em nome dos partidos de oposição, ele convocou protestos diante da sede do governo.

“Chocado com as cenas na sede do MNU esta manhã”, escreveu o embaixador britânico Mark Clayton no Twitter. E completou: “A violência e o caos em Tbilisi são as últimas coisas de que a Geórgia precisa neste momento. Apelo às partes para que atuem com moderação, agora e nos próximos dias.”

A embaixada dos Estados Unidos afirmou em um comunicado que está “profundamente preocupada” com a detenção de Nika Melia. “A força e a agressividade não são a solução para resolver as diferenças políticas na Geórgia”, completa a nota.

Em um comunicado, o Ministério georgiano do Interior afirmou que a polícia empregou “força proporcional”, assim como “recursos especiais” na operação.

Sistema democrático quebrado

A ordem de detenção de Melia aprofundou uma crise política que afeta a nação do Cáucaso desde as eleições legislativas do ano passado. Os partidos de oposição afirmaram que as eleições foram fraudadas, depois que partido governista Sonho Georgiano reivindicou uma vitória apertada.

Após a renúncia de Gakharia, na semana passada, os partidos opositores pediram a convocação de eleições antecipadas.

Nika Melia é acusado de organizar manifestações violentas contra o governo em 2019 e pode ser condenado a nove anos de prisão. Ele rejeita as acusações, que considera políticas.

Na segunda-feira, o Parlamento confirmou a nomeação do ministro da Defesa, Irakli Garibashvili, como novo primeiro-ministro. Em um discurso para os deputados, Garibashvili anunciou que o governo prenderia Melia, dizendo que o opositor “não conseguirá escapar da Justiça”.

O novo primeiro-ministro é considerado um político leal ao oligarca Bidzina Ivanishvili, fundador do partido Sonho Georgiano, homem mais rico do país e considerado por muitos como a pessoa que realmente controla o poder, apesar de oficialmente não ter um cargo político.

Para o analista Matthew Bryza, do “think tank” americano Atlantic Council, a Geórgia chegou a um ponto em que “os partidos de oposição afirmam que não podem mais atuar no Parlamento porque o sistema democrático está quebrado”.

“Sem uma mediação maior do Ocidente, a situação pode se tornar muito perigosa”, opina o ex-diplomata.

No poder desde 2012, o partido Sonho Georgiano perdeu popularidade em um cenário de estagnação econômica e de ataques aos princípios democráticos. (Estadão)

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