Ao pedir licença da Fundação Nacional do Índio (Funai), em dezembro de 2019, o indigenista Bruno da Cunha Araújo Pereira relatou um clima de tensão e de fragilidade do órgão, em meio à necessidade de cuidar da família. O Metrópoles teve acesso a memorando assinado pelo indigenista em que pede o afastamento do órgão.

A decisão ocorreu também na esteira do assassinato do indigenista Maxciel Pereira, em setembro de 2019, e de ataques a uma base da Funai no Vale do Javari.

Cerca de dois anos e meio depois, o indigenista e o jornalista inglês Dom Phillips foram assassinados durante uma viagem ao Vale do Javari. O crime ocorreu no último dia 5 de junho. Três homens foram denunciados pelo Ministério Público Federal (MPF) pelos homicídios.

Zelo pela família e tensão no Vale do Javari

No memorando, Bruno Pereira afirma que a solicitação é “motivada pela necessidade deste servidor sobretudo para poder dar suporte e zelar por sua família”.

Na ocasião, o indigenista era pai de duas crianças, uma de 14 anos – que morava com a mãe em Manaus (AM) – e outra de 16 meses. Ele esperava uma terceira filha, a segunda criança fruto da relação com Beatriz Matos.

“A iminência do nascimento do seu segundo filho, a idade tenra no filho mais velho (16 meses) e a ausência de outros familiares (avós, avôs, tios, prima e primos) por perto que possam ajudar o casal nessa missão de cuidar e educar seus filhos na presença de ambos os pais, foram fatores preponderantes para decisão do servidor e sua companheira”, escreveu o servidor.

Bruno relatou também que o tipo de trabalho que executava o deixava longos períodos de permanência em campo, com comunicação rarefeita com a família.

Diante dessas circunstâncias, o casal decidiu estar o mais junto possível na primeira infância dos filhos.

O indigenista destacou também ser de conhecimento de todos a fragilidade do órgão indigenista “com o seu defasado quadro de servidores”.

Confira a seguir a íntegra do memorando, obtido pelo Metrópoles:

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