Dezoito dos 24 deputados estaduais, entre eles o presidente da Assembleia Legislativa, Josué Neto e o líder do governo na casa, David Almeida, assinaram ontem (27), um manifesto contra a decisão do Pleno do Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas, que na última segunda-feira (25), cassou o mandato do governador José Melo (Pros) e de seu vice Henrique Oliveira (SDD), deixando claro que eles também compactuam do pensamento do jurista Márcio Rys, responsável pelo voto divergente a favor de Melo, de que a quantia de R$ 1 milhão é um valor ínfimo e não representou nada na suposta compra de votos nas eleições de 2014.

Ora, senhores deputados, R$ 1 milhão pode até ser ínfimo para pagar as "mumunhas" (artimanhas) que elegem parlamentares, governadores, prefeitos, ou os alvarás em favor de criminosos, mas 0,1 centavo de dólar nos Estados Unidos, na Nova Zelândia ou no Japão, tirado do povo para esse tipo de bandalheira (compra de votos), põe juízes, generais, governadores, senadores e outros tipos de bandidos na cadeia.

No documento que os parlamentares chamaram de ‘MANISFESTO DE APOIO: Pelo Bem do Povo Amazonense’, os deputados da base aliada de José Melo sustentam que as acusações contra o governador "claramente revelam a motivação de perseguição política de quem não tem respeito pelo voto popular", se referindo ao ex-governador e hoje ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga (PMDB), candidato majoritário da coligação "Renovação e Experiência", autor da ação de conduta vedada que resultou na cassação de José Melo.

Os deputados que em sua grande maioria moram em condomínios de luxo (apartamento e casas) e que consideram R$ 1 milhão um valor ínfimo, com esse "pequeno" valor não seria possível comprar os mais de 170 mil votos que reelegeram José Melo, que no primeiro turno perdeu para seu adversário Eduardo Braga, com uma diferença de 1907 votos, afirmam que o governador foi eleito democraticamente no segundo turno.

Com esse pensamento, os 18 deputados eleitos para fiscalizarem as ações do Poder Executivo, o fato do governador José Melo ter assinado um convênio de R$ 1 milhão com a suposta empresária Nair Blair, responsável pela Agência Nacional de Segurança e Defesa (ANS&D), apontada pelo Ministério Público, como "empresa fantasma," não foi nada, é algo normal, a final de contas o valor é repassado a essa senhora, que nem mora em Manaus, mas em Bruxelas, é "ínfimo", para ela que é condenada pelo Tribunal de Contas da União, devolver para os cofres públicos mais de R$ 3.051.425,18 em razão da não comprovação da boa e regular aplicação dos recursos do Convênio nº 508/2007-MinC/FNC (Siafi nº 611.249), cujo objeto consistia na implementação do projeto “Lendas e Encantos da Amazônia”, o qual visava à realização do espetáculo de comemoração do “Ano Novo Temático Amazônico em Brasília”, na passagem de 2007 para 2008.

Assinaram o documento, Josué Neto (PSD), Belarmino Lins (PMDB), Bosco Saraiva (PSDB), Serafim Corrêa (PSB), Augusto Ferraz, Platiny Soares (PV), Carlos Alberto (PRB), Dr. Gomes (PSD), Cabo Maciel (PR), Orlando Cidade (PTN), Sabá Reis (PR), Adjuto Afonso (PP), Ricardo Nicolau (PSD), Francisco Souza (PSC), Dermilson Chagas (PDT), David Almeida (PSD) e Abdala Fraxe (PTN).

Parecer do MP

A Procuradoria Regional Eleitoral no Amazonas, emitiu parecer a favor da cassação do mandato do governador do Amazonas, José Melo (Pros), e do vice-governador, Henrique Oliveira (SDD), por compra de votos.

A representação foi movida pela coligação “Renovação e experiência”, que denunciou o esquema de compra de votos a favor do governador José Melo, apontando Nair Blair como responsável por uma empresa-fantasma que recebeu verba pública ilicitamente, posteriormente destinada à captação ilícita de sufrágio.

Às vésperas do segundo turno das eleições gerais de 2014, policiais federais apreenderam a quantia de R$ 11,7 mil e documentos que incluíam notas ficas, listas de eleitores e recibos com assinaturas de Blair e do irmão do governador, Evandro Melo.

As provas e os valores foram apreendidos em poder de Nair e de Karine Vieira, durante uma reunião no interior do comitê de campanha do governador.

O encontro contava com a presença de vários pastores de pequenas igrejas evangélicas locais e liderado pelo pastor Moisés Barros, que afirmava que, se Melo fosse eleito, ele teria um cargo de confiança e beneficiaria as igrejas.

As listas apreendidas eram detalhadas, contendo nome dos eleitores, serviços, atendimento e o valor pago.

O programa televisivo Fantástico, da Rede Globo, apurou a compra de votos em uma matéria veiculada em março de 2015.

Durante a matéria, o repórter entra em contato com uma estudante de graduação que confirma o dinheiro ‘doado’ para o aluguel do local da festa de formatura de uma turma de Odontologia. A estudante não só confirmou o recebimento da quantia, mas também afirmou que todos votaram em José Melo.

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