A briga jurídica que se desenrola entre um grupo de ligas municipais liderado pelo empresário e pré-candidato a deputado estadual Ednailson Rozenha e a diretoria de Dissica Valério Tomaz pelo comando e controle da Federação Amazonense de Futebol (FAF) deixará a organização desse esporte em situação complicada no Amazonas. E entre outros prejuízos pode perder nada menos que R$ 5 milhões, prometidos pelo Governo do Estado para o custeio dos campeonatos estaduais profissionais e amadores deste ano e para ajudar os clubes que representarão o Estado em competições nacionais.

O alerta é do futebolista e empresário Joaquim Alencar, que há 10 dias divulgou um manifesto público sobre a questão e nesta semana ingressou com petição no Tribunal de Justiça do Amazonas para que não se faça eleições na entidade antes de uma reforma e atualização estatutária, o que considera essencial para garantir regras de boa administração, de “jogo limpo” e de eleições sólidas e transparentes.

Ele diz que vê com preocupação essa briga, “porque ninguém fala nada sobre organizar a FAF, modernizar a gestão, adotar regras de boa governança e, principalmente, limitar a quantidade de reeleições para a presidência e demais cargos, para evitar o que acontece atualmente, com um cidadão que já está no oitavo mandato, portanto há 32 anos no mesmo lugar.”

Alencar afirma que tanto faz ganhar o lado A ou o lado B, porque “a corda arrebentará no lombo do mais fraco, que é o futebol amazonense”. O futebolista diz que ao longo de suas cinco décadas de envolvimento com o futebol, em que começou como jogador nas categorias de base e chegou à presidência do Fast Clube, sempre sonhou em ver o futebol local evoluindo e ocupando espaço no cenário nacional, “mas desde 1991, quando começou a ‘Era Dissica’, tudo se transformou em decadência.”

Credenciais

Apaixonado pelo Fast Clube, Joaquim Alencar usou da sua teia de relacionamentos com dirigentes esportivos nacionais e internacionais para trazer a Manaus o supermilionário Cosmos, de Nova Iorque, com estrelas do quilate de Carlos Alberto Torres, Clodoaldo e Benckenbauer, para enfrentar o Rolo Compressor no Vivaldo Lima, em 1982. Um evento que registrou quase 57 mil pagantes e mobilizou mais de 80 mil torcedores, pois milhares ficaram do lado de fora do estádio. E que se tornou lendário, permanecendo até hoje no imaginário dos amantes do futebol.

Também criou o Torneio do Pacto Amazônico, trazendo seleções dos países vizinhos numa articulação com a Suframa, para divulgar os produtos do Polo Industrial de Manaus. E na condição de empresário abriu as portas do futebol europeu para muitos jovens jogadores locais, alguns dos quais fizeram grandes carreiras e viraram ídolos por lá.

“Tenho uma história pessoal e conhecimento de causa, que me credenciam a criticar a gestão do futebol amazonense nessas últimas décadas, e também a alertar a Justiça sobre o erro de se permitir um processo eleitoral cheio de falhas e com base em regras ultrapassadas e além de tudo criadas para garantir a perpetuação do Dissica no poder. Regras que vão permanecer porque Rozenha ou qualquer outro que venha a ser eleito nunca mudará algo de que pretende se beneficiar”, registra o empresário, para justificar o pedido feito ao Tribunal de Justiça do Amazonas.

Buraco negro

Alencar ressalta, ainda, que se a Justiça deixar que se realize a eleição na assembleia geral convocada pelas ligas municipais aliadas a Rozenha na segunda-feira, 4, a situação ficará ainda mais complicada porque existe uma outra assembleia geral convocada pela presidência da FAF para o dia 23 de setembro, e uma não anula a outra.

“Esse buraco negro que vem tragando a entidade administradora do futebol amazonense só tende a aumentar. E esse vácuo legal vai causar enormes prejuízos, sendo um dos principais a perda dos R$ 5 milhões prometidos pelo Governo do Estado para o custeio dos campeonatos de futebol profissional masculino das séries A e B, do campeonato feminino e da Copa dos Rios, assim como para ajudar na participação dos clubes que representarão o Amazonas nas competições nacionais”, finaliza.

A reportagem do Fato Amazônico tentou ouvir Rozenha pelo celular 9841x-162x, a respeito da alegação de Joaquim Alencar, mas o celular estava fora da área de serviço. Mas o espaço segue aberto para sua manifestação e de Dissica Valério Tomaz.

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