Com as famílias em dificuldades para fechar as contas durante a pandemia do novo coronavírus, em meio à retração da atividade e ao desemprego, o juro médio total cobrado pelos bancos no rotativo do cartão de crédito subiu 1,5 ponto porcentual de dezembro para janeiro, informou nesta quinta-feira, 25, o Banco Central. A taxa passou de 327,8% para 329,3% ao ano.

Os dados apresentados pelo BC são influenciados pelos efeitos da pandemia, que colocou em isolamento social boa parte da população, reduzindo a atividade das empresas e elevando o desemprego. Com a carência de recursos, as famílias aumentaram a demanda por algumas linhas de crédito nos bancos. O rotativo do cartão, juntamente com o cheque especial, é uma modalidade de crédito emergencial, muito acessada em momentos de dificuldades. 

O juro do rotativo é uma das taxas mais elevadas entre as avaliadas pelo BC. Dentro desta rubrica, a taxa da modalidade rotativo regular passou de 301,9% para 311,7% ao ano de dezembro para janeiro. Neste caso, são consideradas as operações com cartão rotativo em que houve o pagamento mínimo da fatura.

Já a taxa de juros da modalidade rotativo não regular passou de 347,7% para 342,2% ao ano. O rotativo não regular inclui as operações nas quais o pagamento mínimo da fatura não foi realizado.

No caso do parcelado, ainda dentro de cartão de crédito, o juro passou de 148,9% para 161,5% ao ano.

Considerando o juro total do cartão de crédito, que leva em conta operações do rotativo e do parcelado, a taxa passou de 57,4% para 60,8%.

Em abril de 2017, começou a valer a regra que obriga os bancos a transferir, após um mês, a dívida do rotativo do cartão de crédito para o parcelado, a juros mais baixos. A intenção do governo com a nova regra era permitir que a taxa de juros para o rotativo do cartão de crédito recuasse, já que o risco de inadimplência, em tese, cai com a migração para o parcelado.

Atualmente, porém, o risco de inadimplência aumentou, justamente porque muitas famílias estão enfrentando redução de renda, na esteira da pandemia.

Outras linhas

A taxa média de juros no crédito livre (sem rural, imobiliário e BNDES) passou de 25,5% ao ano em dezembro para 28,4% ao ano em janeiro, informou o BC.

Para as pessoas físicas, a taxa média de juros no crédito livre passou de 37,2% para 39,4% ao ano de dezembro para janeiro, enquanto para as pessoas jurídicas foi de 11,7% para 15,2% ao ano.

Entre as principais linhas de crédito livre para a pessoa física, destaque para o cheque especial, cuja taxa passou de 115,6% ao ano para 119,6% ao ano de dezembro para janeiro. No crédito pessoal, a taxa passou de 30,3% para 32,9% ao ano.

Desde julho de 2018, os bancos estão oferecendo um parcelamento para dívidas no cheque especial. A opção vale para débitos superiores a R$ 200. Em 6 de janeiro de 2020, o BC passou a aplicar uma limitação dos juros do cheque especial, em 8% ao ano (151,82% ao ano).

Além da limitação do juro, os dados de hoje refletem uma revisão realizada na série histórica do BC. De acordo com a autarquia, os números passaram a considerar o fato de alguns bancos cobrarem juro no cheque especial apenas após dez dias de atraso no pagamento da fatura. Antes, era considerado todo o período de atraso. Esta mudança fez com que o nível do juro no cheque especial, na nova série histórica, fosse menor em anos anteriores.

Os dados divulgados hoje pelo Banco Central mostraram ainda que, para aquisição de veículos, os juros foram de 19,2% ao ano em dezembro para 20,2% em janeiro.

A taxa média de juros no crédito total, que inclui operações livres e direcionadas (com recursos da poupança e do BNDES), foi de 18,4% ao ano em dezembro para 20,0% ao ano em janeiro. Em janeiro de 2020, estava em 23,0%.

Já o Indicador de Custo de Crédito (ICC) subiu 0,3 ponto porcentual em janeiro ante dezembro, aos 17,0% ao ano. O porcentual reflete o volume de juros pagos, em reais, por consumidores e empresas no mês, considerando todo o estoque de operações, dividido pelo próprio estoque. Na prática, o indicador reflete a taxa de juros média efetivamente paga pelo brasileiro nas operações de crédito contratadas no passado e ainda em andamento.  (Estadão)

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