Donald Trump, em 28 de março de 2024 em Nova York - AFP/Arquivos

“Você já participou de alguma reunião ou evento de campanha de Donald Trump?”: nova-iorquinos anônimos terão que responder esse tipo de pergunta na próxima semana para fazer parte do júri do primeiro julgamento criminal da história contra um ex-presidente dos Estados Unidos.

Trump enfrenta 34 acusações por supostamente falsificar documentos que, segundo os promotores, foram usados para ocultar um pagamento à ex-atriz pornô Stormy Daniels para comprar seu silêncio antes das eleições presidenciais de 2016.

O republicano, mais uma vez candidato à Casa Branca, nega que tenha tido relações sexuais com Daniels e nega qualquer acordo fraudulento de confidencialidade com a ex-atriz de filmes adultos.

O caso é intitulado “O povo do estado de Nova York contra Donald J. Trump”. A seleção do júri começará na segunda-feira, 15 de abril, e centenas de habitantes de Manhattan foram convocados a comparecer ao tribunal.

Entre eles, serão escolhidos doze jurados e até seis suplentes, e o julgamento deverá durar cerca de seis semanas.

“Anti-Trump”? 

Cada potencial membro do júri, sorteado aleatoriamente a partir de uma lista pública de moradores, terá que responder oralmente a sete páginas de perguntas que vão desde sua profissão até a orientação política, fruto de um acordo entre a Promotoria e os advogados da defesa.

Entre elas: “Você segue a conta de alguma organização ou grupo anti-Trump nas redes sociais ou já seguiu no passado?”.

O questionário também pergunta se eles têm alguma opinião sobre o tratamento dado a Trump neste caso ou se apoiam grupos de extrema direita como QAnon ou a organização supremacista branca Proud Boys.

O seu veredicto deve ser unânime, por isso a importância de cada um deles.

Os promotores que processam Trump, assim como os advogados que defendem o ex-presidente, procuram saber em qual direção os membros do júri se inclinam politicamente, já que os nova-iorquinos votaram esmagadoramente nos democratas Hillary Clinton e Joe Biden em 2016 e 2020, respectivamente.

Apesar de ter nascido em Nova York e ter construído ali seu império imobiliário, Trump é uma figura controversa na metrópole.

“Manhattan tem uma longa história com Donald Trump”, lembra Leslie Ellis, jurista e psicóloga especialista em julgamentos com júri. “Não apenas por causa de sua presidência e do tempo que se seguiu a ela, mas também por causa de sua experiência anterior no setor imobiliário e de negócios em Nova York”.

Esta é uma das razões pelas quais os advogados do ex-presidente tentaram, sem sucesso, atrasar o julgamento. Segundo eles, os membros do júri em Nova York teriam sido expostos a “uma enorme cobertura midiática tendenciosa e injusta”. Algumas das perguntas do questionário referem-se à forma como obtêm informações.

Citado em outros processos judiciais, Trump, de 77 anos, tem denunciado constantemente uma “caça às bruxas” impulsionada, na sua opinião, por promotores e juízes democratas que buscam inviabilizar a sua campanha para reconquistar a Casa Branca nas eleições de 5 de novembro.

Jurados protegidos 

Mas o procurador do distrito, Alvin Bragg, que conduz o caso, rejeita essa ideia. “Dado o tamanho do condado de Nova York, é absurdo que o réu afirme que será impossível ou impraticável encontrar uma dúzia de jurados justos e imparciais”, disse ele.

De qualquer forma, o processo de seleção do júri promete ser mais complicado do que o habitual. O juiz Juan Merchán, que presidirá as audiências, já decidiu que os nomes dos membros do júri serão mantidos em segredo devido à “probabilidade de corrupção, manipulação do júri, lesões físicas ou assédio”.

O juiz também alertou Trump que se violar a ordem de silêncio imposta contra ele, que o proíbe de criticar testemunhas ou funcionários do tribunal, poderá decidir não fornecer os nomes dos membros do júri aos seus advogados.

Assim como os promotores, a defesa do ex-magnata terá a opção de recusar preventivamente os membros do grupo selecionado.

Com informações de ISTOÉ

Artigo anteriorTaís Araujo comandará entrevista com Oprah Winfrey, ícone mundial que virá pela primeira vez ao Brasil
Próximo artigoNa reta final, ‘BBB24’ terá uma das maiores provas da história do programa; confira spoiler