A médica Deborah Tayah, de 24 anos, que se curou da infecção por coronavírus e voltou ao trabalho, disse em entrevista nesta segunda-feira (13) à Revista Época, a respeito do momento crítico da rede de saúde na capital do Amazonas. Ela é filha do vereador Isaac Tayah.

“A ficha demorou a cair. Quando adoeci ainda não havia muitos casos em Manaus e não tinha medo instalado. Agora são mais de 100 casos por dia, fora os que não foram testados. Não sabíamos que seria desse jeito”, disse a médica à revista Época.

Sobre o local onde realmente pode ter contraído o vírus, afirmou: “O vírus não vem com a localização, então não tem como saber se peguei no mercado ou no hospital”.

Confira a matéria completa:

A médica Deborah Tayah, de 24 anos, está recuperada da infecção pelo coronavírus. Ela voltou ao trabalho na última sexta-feira (10) no Hospital e Pronto-Socorro 28 de Agosto, em Manaus.

Na capital do Amazonas, o avanço da pandemia deixou o sistema de saúde em colapso com a infecção se alastrando também entre profissionais da área de saúde. Até a última sexta-feira (10), a Fundação de Vigilância em Saúde (FVS) contabilizava 46 profissionais de saúde contaminados e afastados de suas atividades. A rapidez de contágio surpreendeu médicos da rede pública.

“A ficha demorou a cair. Quando adoeci ainda não havia muitos casos em Manaus e não tinha medo instalado. Agora são mais de 100 casos por dia, fora os que não foram testados. Não sabíamos que seria desse jeito”, disse a médica Deborah Tayah, de 24 anos, recém-recuperada da Covid-19.

“Eu sou clínica geral, fico na porta de entrada do sistema de saúde e faço rotina. Passo nas enfermarias, cuido de uns 15 pacientes por turno, vejo como cada um está e prescrevo medicação. Então eu tenho que lidar com casos que vão de pneumonia até insuficiência renal, infecções em geral. O vírus não vem com a localização, então não tem como saber se peguei no mercado ou no hospital”, diz a médica.

Além do trabalho no Hospital 28 de Agosto, Deborah é vinculada a uma cooperativa de médicos na qual há, além dela, outros oito profissionais infectados. Diante da velocidade da propagação da Covid-19 na rede de saúde de Manaus, Deborah quis voltar ao trabalho o mais rápido possível.

“Eu fiz um juramento, não posso abandonar meus pacientes. É complicado, a gente tem família, mas na situação que estamos em Manaus eu não posso deixar de ajudar”, disse a médica.

O Conselho Federal de Medicina (CFM) não produziu um levantamento sobre a quantidade de médicos infectados ou que morreram por Covid-19 no país, mas a regional do Rio de Janeiro confirma o óbito de dois profissionais: o cardiologista Ricardo Antonio Piacenso e o anestesiologista José Manoel de Melo Gomes.

Enfermeiros afastados

Pelo menos oito enfermeiros e técnicos em enfermagem comprovadamente morreram por Covid-19, em todo o Brasil, de acordo com um levantamento do Conselho Federal de Enfermagem (Coren). Outros oito óbitos suspeitos ainda aguardam exames para atestar se foram causados pelo coronavírus.

Artigo anteriorSimone Papaiz confirma recebimento de respiradores do Ministério da Saúde e diz que apoio federal não é intervenção
Próximo artigoEm Parintins, decreto obriga moradores a fazerem uso de máscaras contra coronavírus