Filipe Toledo levou a melhor na final contra o australiano Ethan Ewing — Foto: Pat Nolan/WSL

Pelo quinto ano seguido, o surfe brasileiro, o Brazilian Storm, volta ao topo do mundo, e desta vez com um bicampeonato inédito para o país. Filipe Toledo, o Filipinho, deixou sua Ubatuba orgulhosa mais uma vez com uma grande vitória sobre o australiano Ethan Ewing na segunda bateria da decisão em Trestles, na Califórnia. O confronto foi uma reedição da final de Jeffreys Bay (África do Sul), vencida por Filipinho.

O título vem em semana de polêmica envolvendo o pai de Filipinho, Ricardo Toledo, e Kelly Slater, que discordaram publicamente sobre a importância dos aéreos no julgamento do surfe atual. “Aéreos não necessariamente impulsionam a inovação, se esse for o objetivo. Eu honestamente acho que esses critérios deveriam ser deixados de lado no dia do jogo”, afirmou a lenda do surfe americano. Ontem, Ricardo chamou Slater de egocêntrico.

Ironicamente, foi justamente um aéreo a primeira manobra de Filipe na bateria final, que rendeu uma nota 7. Em onda de tamanho parecido, Ewing assumiu a frente com um 7.33.

O australiano chegou a Trestles depois de uma incrível história de recuperação e superação. No dia 9 de agosto, durante preparação para a etapa de Teahupoo, no Taiti, o campeão de Bells Beach sofreu uma grave lesão nas costas durante um treinamento. Fraturou as vértebras L3 e L4, ficou fora da etapa e virou dúvida até para as finais. Na ocasião, era segundo do ranking da WSL e caiu para terceiro .

No último dia 11, pouco mais de um mês depois da lesão, ele já apareceu pegando onda em Trestles. Na segunda etapa das finais, ainda eliminou João Chianca, o Chumbinho, que havia batido Jack Robinson

Mas não teve vida fácil contra o número 1 do mundo e atual dono da lycra amarela. Na segunda onda, Filipinho, líder do ranking mundial e que além da etapa sul-africana, venceu Sunset Beach (Havaí) nesta temporada, emendou mais um aéreo, ganhou um 9 dos jurados, mas seguiu com o australiano na cola, que obteve um 8,50. No fim da bateria, os dois trocaram notas, mas o 8,97 garantiu a primeira vitória para Filipinho.

A segunda bateria teve condições específicas do mar de Trestles, que também afetou a última bateria da final feminina — a americana Caroline Marks, de 21 anos, bateu a havaiana Carissa Moore para ficar com título, com maré de pouquíssimas ondas.

Na segunda bateria, a ausência de ondas queimou quase a metade do tempo. As primeiras tentativas efetivas dos surfistas só começaram quando restava apenas 16 minutos para o fim. Toledo foi quem conseguiu as primeiras manobras. Foi agressivo para arrancar um 7,5 unânime e cravado entre os jurados. Depois, um 6,77 tornou a vantagem ainda maior.

Com o tempo correndo contra si, Ewing foi para o mar e buscou ondas. Mas os 4.70 e 7.67 não foram suficientes para evitar mais um título brasileiro.

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