Uma fotografia que supostamente comprovaria a presença de indígenas isolados nos municípios de Silves e Itapiranga, no Amazonas, apresenta indícios de manipulação, segundo análise técnica conduzida pelo perito Allan Almeida Reis. A imagem, que tem sido alvo de um intenso debate técnico, jurídico e político, está no centro de uma controvérsia que pode impactar diretamente as operações da empresa Eneva, responsável pela exploração de gás natural na região.
De acordo com um laudo técnico solicitado pelo site BNC Amazonas, a fotografia foi submetida a uma análise forense para verificar sua autenticidade e investigar possíveis alterações fraudulentas, como montagens ou supressões. O resultado revelou indícios claros de manipulação.
“Sem desconsiderar qualquer avaliação adicional que possa ser pertinente ao caso, é possível afirmar que a imagem analisada não se mostra autêntica, apresentando indícios de manipulações que sugerem possíveis adulterações, tais como montagens, adições e supressões”, afirma o documento assinado por Allan Reis.
O especialista, que atua como perito judicial no Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) desde 2012, também é credenciado no Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) e presidente nacional da Comissão Especial de Perícias Forenses do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
Origem e contexto da fotografia
A imagem teria sido fornecida por membros da Comissão Pastoral da Terra (CPT), que alegam ter avistado indígenas isolados durante uma expedição na área. Um documento da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), enviado ao Ministério Público Federal (MPF), reforça a “alta probabilidade” de existência de indígenas na região, mas reconhece a necessidade de novas expedições para confirmar a informação.
A controvérsia sobre a autenticidade da imagem coloca em xeque uma das principais evidências utilizadas para justificar a interrupção das atividades da Eneva. A empresa enfrenta pressões não apenas por questões ambientais, mas também por acusações de suposta interferência entre órgãos públicos e manipulação de informações.
A polêmica expõe a complexidade das discussões envolvendo comunidades indígenas, interesses empresariais e políticas públicas. A suspeita de adulteração da fotografia amplia as tensões entre organizações de proteção aos povos indígenas, empresas do setor de energia e autoridades governamentais.