Além do irmão Dib Almeida, Thayla Laís, funcionária de uma clínica particular, também foi indiciada por suspeita de envolvimento na emissão de atestados falsos (Montagem: Fato Amazônico).

A Polícia Civil do Amazonas ampliou as investigações sobre o caso da falsa médica Sophia Livas de Morais Almeida, de 32 anos, e indiciou, nesta quinta-feira (22), o irmão dela, Dib Almeida, e uma funcionária de uma clínica particular, identificada como Thayla Laís, por suspeita de participação no esquema criminoso de emissão de atestados médicos falsificados.

O indiciamento de Dib ocorreu após ele comparecer voluntariamente à delegacia, sem acompanhamento jurídico, para prestar depoimento. Segundo as autoridades, ele responderá por crimes como falsidade ideológica, furto qualificado e associação criminosa. Já Thayla, que também se apresentou espontaneamente, é suspeita de ter facilitado a emissão e distribuição de documentos falsos que eram usados por Sophia em atendimentos ilegais, especialmente a crianças com doenças graves.

De acordo com a Polícia Civil, os dois novos indiciamentos se baseiam em provas obtidas durante a análise do telefone celular da falsa médica, que está presa desde a última segunda-feira (20). O conteúdo revelou trocas de mensagens entre os investigados e indícios da colaboração ativa no esquema de forjamento de atestados e receitas médicas. A dinâmica completa do esquema ainda não foi divulgada oficialmente.

Fraude construída com identidade médica fictícia

Sophia, que é graduada em Educação Física, se apresentava como médica especializada em pediatria e saúde da mulher, infiltrando-se em ambientes hospitalares, faculdades e congressos da área da saúde. Para sustentar a farsa, utilizava jaleco branco, carimbos de médicas reais — incluindo um carimbo obtido no Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV) — e até registrava fotos ao lado de pacientes oncológicos.

Ela chegou a receitar medicamentos controlados a pelo menos duas crianças com autismo e promovia sua imagem nas redes sociais como uma profissional humanizada, envolvida com pesquisas científicas e ações sociais. Em seus perfis, mencionava participação no suposto “Projeto Renomica Brasil”, relacionado a estudos sobre doenças cardiovasculares.

A falsa médica também dava aulas como professora convidada e se apresentava como organizadora de um congresso de neurocirurgia previsto para acontecer em julho, em Manaus.

Posicionamentos

O HUGV, em nota, informou que Sophia nunca fez parte do corpo clínico da unidade e que, apesar de já ter sido aluna de mestrado da Ufam como educadora física, atualmente não possui qualquer vínculo com a instituição.

Após prestar depoimento nesta quinta, Thayla Laís preferiu não comentar o caso. Seu advogado, Josias dos Santos, declarou que, por se tratar de processo sob segredo de Justiça, não poderia se manifestar sobre o conteúdo das investigações.

As apurações prosseguem sob responsabilidade da Delegacia Especializada em Combate à Corrupção (Deccor), que já considera o caso um dos mais graves episódios de falsidade ideológica e riscos à saúde pública registrados recentemente no estado. 

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