Em meio à pandemia do novo Coronavírus (Covid-19) e a crise no sistema de saúde, o Prefeito de Benjamin Constant, David Bemerguy, comprou dois mil testes rápidos, com recursos próprios do município, para detectar com mais rapidez a doença na cidade, localizada a 1.119 km de Manaus.

A cidade tem cerca de 200 pessoas em monitoramento, recém-chegadas de outras localidades, que estão em isolamento em um hotel custeado pela prefeitura, como medida de prevenção à doença. “Até o momento, nós confirmamos quatro casos com os testes rápidos, que testaram positivo e aguardamos a confirmação da contraprova. Como temos muita gente em monitoramento e isolamento, comprei, com recursos próprios, porque precisamos confirmar ou não, para lidar com os casos ou liberar as pessoas.”, afirmou David.

A Prefeitura aguarda os resultados oficiais da contraprova que estão em análise no Laboratório Central de Saúde Pública do Amazonas (Lacen-AM), da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-AM). “Entendemos que eles estão com alta demanda de análises em meio a essa crise toda, mas precisamos ter o controle da situação. Temos equipes trabalhando para isolar e monitorar essas pessoas”, completou o prefeito. Os pacientes confirmados pelos testes rápidos estão isolados na Residência Universitária da Universidade Federal do Amazonas (Ufam).

Outras medidas

Além da compra de novos testes rápidos, a Prefeitura está arcando com o monitoramento de pessoas que chegaram à cidade recentemente. Todos os passageiros que desembarcaram em Benjamin de avião foram isolados em um hotel, estão sob monitoramento e passarão pelos testes. Em acordo com as companhias aéreas, a Prefeitura suspendeu os voos à cidade por 15 dias, a partir desta sexta-feira (17), e há fiscalização 24 horas nas entradas do município.

Outra dificuldade enfrentada em Benjamin é a questão bancária. “Não temos todos os bancos aqui e as pessoas precisam se deslocar até Tabatinga. Ou não tem servidor para alimentar o caixa eletrônico. Por isso, estamos negociando e vamos pagar um servidor para fazer isso. Também estamos conversando com outros bancos para evitar a aglomeração de pessoas”, destacou David.

O município conta com o Comitê Municipal de Combate e Prevenção ao Coronavírus. Composto por órgãos como Ministério Público, Vigilância Sanitária, Defesa Civil, Guarda Municipal, Polícia Civil, secretarias municipais de Saúde e Educação, Polícia Militar, além de voluntários do setor público, o comitê tem a atribuição de estabelecer e divulgar ações de prevenção à transmissão do coronavírus em Benjamin Constant.

Áreas indígenas

Situada na região do Alto Solimões e na tríplice fronteira (Brasil, Peru e Colômbia), Benjamin Constant tem um terço de sua população indígena. Segundo dados da Fundação Nacional do Índio (Funai), o município concentra em torno de 16 mil indígenas. O Ministério da Saúde já confirmou duas mortes de indígenas por Coronavírus em municípios próximos: Tabatinga e São Paulo de Olivença.

Para prevenir e cuidar dessa população, a Prefeitura, em parceria com os órgãos competentes locais, criou barreiras de fiscalização na entrada das comunidades indígenas. “Já havia essa preocupação. Mas os próprios indígenas fizeram esse pedido para restrição nas áreas mais próximas à cidade, pela proteção deles”, afirmou David. Segundo o prefeito, um dos riscos é a realização de festas religiosas e culturais, que muitas vezes têm a participação de pessoas do Peru e da Colômbia. Por isso, um acordo foi feito com autoridades peruanas para evitar a entrada no município.

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